TEST

Drop Down MenusCSS Drop Down MenuPure CSS Dropdown Menu

26 de abr. de 2013

Bom Jesus precisa de vontade política; a cidade clama desesperadamente por "terapias"

O ano que se finda marcou um paradoxo em Bom Jesus do Itabapoana/RJ: enquanto a iniciativa privada pontificou fortemente sua vocação empreendedora, o poder público patinou na velha incapacidade de dar conta dos seus mais elementares misteres. 

Neste 2006 foi ainda pior: sucumbiu de forma lastimável à cegueira do descortino de horizontes em face de equações insolúveis, formadas, pode-se usar a figura, num conjunto de eventos sinistros, simultâneos e imponderáveis, tal como acontece para um desastre real. 


E foi um desastre figurado de tais proporções que o servidor municipal chega ao fim do ano com quatro meses de salários em atraso (assim é no momento em que estas notas estão sendo produzidas). Se fosse uma empresa privada, a prefeitura teria se pulverizado há tempos!

Em contraponto, os empreendedores locais deram conta do recado mais uma vez! Trabalhando sob a expectativa do velho e universalmente consagrado lucro (o que não é o caso da Viúva assistencialista), o empresariado deu uma aula de planejamento e eficiência, mostrando que a disposição e a criatividade são fortes o suficiente que, às vezes, nem dependem do Estado (no caso o município), entidade que em vez de pavimentar as vias do crescimento só tem feito esburacá-las. 

Novas lojas de supermercados, shopping, prédios residenciais e comerciais e outros empreendimentos de expressão mostram o particular como um vigoroso condor, enquanto a cidade desorganizada remete o público a uma espécie de Ícaro melancólico. 

Imaginemos como seria se ambas estivessem por igual no ápice da pujança, esbanjando saúde, unidas como deveriam no esforço desenvolvimentista! 

Itaperuna que botasse as barbas de molho...


Mas, como ensina a Bíblia em Eclesiastes (3,1-3), que "tudo tem o seu tempo determinado. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar...", rezemos e torçamos para que na vida pública de Bom Jesus haja pessoas que não perderão a noção do seu próprio tempo. 

Aproveitar a seara dos bons augúrios políticos em nível estadual, que possam se espraiar até Brasília parece uma boa aposta para 2007 em diante. Vamos ver.

Se a brisa refrescante finalmente estacionar nos cofres municipais, e o balão de oxigênio puder se aposentar para alegria do funcionalismo, não será de bom alvitre se darem por satisfeitos. 

A cidade clama desesperadamente por terapias outras que, se não tratadas com vigor no presente, ganharão cronicidade no futuro. O trânsito e o incrível descaso ao código de posturas por parte do cidadão e das ditas autoridades é um dos outros graves males.

Impressionante como Bom Jesus está verdadeiramente desorientada neste aspecto! 

Carros estacionam em qualquer lugar. Um dia destes tinha um em frente à antiga Ford, bem no meio da faixa de pedestres. 

Um ônibus que vinha da Av. Padre Mello não conseguiu curvar em direção à Itaperuna: ficou entalado sem poder seguir nem recuar. No meio das quatro direções. Nó cego total. 

Seis minutos, contados, em que só motos, bicicletas e pedestres puderam seguir seu caminho em todas as direções. 

Nenhum guarda de trânsito, e provavelmente sequer uma advertência ao folgado ou à folgada que transtornou dezenas de pessoas com sua atitude negligente, egoísta!

Dizia dos carros, mas motos, a mesma coisa; ciclistas que jamais devem ter ouvido a palavra contramão; transeuntes se deslocando no meio das ruas por falta da mais incompreensível noção do perigo (não se sabe o que é feito do instinto de autopreservação da própria vida), e em boa parte simplesmente por não terem opções, já que as calçadas vivem obstruídas pela mais variada tralha, desde materiais de construção, caixotes, engradados; e até mesmo a tomada da via pública na mais deslavada cara-de-pau, para ser usada em negócios particulares!

Estes são alguns desafios que a autoridade tem pela frente e deve enfrentá-los sem medo de cara feia nem da perda de votos. 

A questão é cultural, de maus hábitos enraizados firmemente ao longo das décadas. 

Então é preciso primeiramente ampla campanha educacional. Em seguida, ter "aquilo" roxo para fazer cumprir os regulamentos. 

Uma calçada desobstruída, reabilitada ao seu dever original de ofício pode subtrair o voto do comerciante prejudicado, mas certamente adicionará os dos beneficiários da via livre.

O convívio com a desordem, com um sistema viário sofrível, em meio ao caos promovido por usos e costumes arcaicos, provincianos, anacrônicos, chega às raias do primitivo. 

Os hábitos conservadores do tempo das diligências, na era em que o homem planeja viajar em férias à Lua, são inteiramente incompatíveis com a modernidade, com uma cidade organizada e aprazível, com uma sociedade cortês e progressista.

Se construir elevados, túneis e minhocões é impensável, que pelo menos se alarguem traçados, sinalizem decorosamente as ruas e avenidas e se evitem a indecorosa transgressão à ordem. 

Isto, sim, é possível. Basta vontade política e disposição para contrariar alguns interesses em prol dos de todos.

Uma cidade mais bonita, mais contemplativa, moderna e humana se elevaria por sobre os destroços da apatia, da ineficiência e da acomodação!


PS.: No aspecto desorganização viária, tráfego, tomada de calçadas, falta de sinalização, Bom Jesus do Norte não tem mais crédito do que sua co-irmã. Talvez os projetos pudessem ser elaborados a quatro mãos, quem sabe?

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em dezembro/2006