TEST

Drop Down MenusCSS Drop Down MenuPure CSS Dropdown Menu

28 de abr. de 2013

Pra não dizer que não falei de flores

A reportagem que fiz em fevereiro último abordando o terrível drama da menina bom-jesuense-do-norte, Luma Grazieli, de nove anos, que sofreu gravíssimo acidente, amável leitor, graciosa leitora, redundou na mais extraordinária manifestação de calor humano que pude vivenciar nestes meus quase 52 anos de vida aqui em nossas paragens.

A exaltação coletiva de amor ao próximo, a solidariedade exercitada em toda a plenitude dos corações generosos foi algo deveras comovente, que consolidou definitivamente em minha alma a percepção de que nós brasileiros somos mesmo um povo solícito, sensível, capaz quase heroicamente de partilhar do sofrimento alheio, ainda que em meio aos ásperos problemas da vida conturbada, na crispação de dias de luta árdua e de angústia cotidianas.


A emoção dobrou e venceu quantos conheceram com mais riqueza de detalhes a sentença cruel (paraplegia) destinada à meiga e linda criança no alvorecer de sua vida.

Somente muita fé impede confrontar o senso de justiça da Divindade, cujas razões tiveram o agravo da manutenção de parte da consciência da garotinha, que parece entender o que se passa com ela.

Essa consciência, entretanto, tem o seu lado bom, e aí talvez seja a coberta conforme o frio que, dizem, o Divino sempre dá.

O coraçãozinho da querida Luma recebe doses transbordantes de afeto, de carinho, de amor, e por certo ela pode perceber e desfrutar isso.

Qual não deve ser sua íntima alegria com tantos papais e mamães, e titias e titios, e vovôs e vovós, e irmãos e irmãs que ganhou repentinamente!

Quando o jornal evaporou nem bem começou a ser distribuído, eu sabia que algo espetacular ocorreria, mas confesso que fiquei surpreendido com a magnificência e o tamanho da reação das pessoas.

Não vem ao caso aqui enumerar os benefícios materiais que serão preponderantes para a recuperação de nossa amada criança, e que ela recebeu em profusão, mas os princípios que levaram a eles, sim, é delicioso e justo comentar.

Creiam que aprendi ao longo de minha luta com estas teclas que não se fortalece a verdade com o exagero, mas a mobilização das pessoas em prol de Luma foi e está sendo realmente inesquecível!

Eu disse a seus pais, depois dessa maravilhosa manifestação de apreço e solidariedade, que o bom-jesuense, o calçadense, o apiacaense e gente até de outras plagas haverão de receber as palavras de gratidão, um dia, da boca da própria Luma.

E ela haverá de dizer-lhes do mesmo sentimento que ora povoa os corações dos seus pais biológicos: vale a pena viver quando se tem amigos assim!


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em Março/2006