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Desta vez foi o garotinho boliviano Brayan Yanarico Capcha, cinco anos de idade, filho único de imigrantes pobres que ganhavam a vida através do trabalho árduo na capital de São Paulo.
Difícil, muito difícil aceitar tanta covardia de vagabundos que se irritaram com o choro da criança, e apesar do apelo desesperado do menino para que não o matassem, foi executado sem dó nem piedade.
Que raiva de dimensões planetárias, Deus do céu! Que lágrimas teimosas escapando aos borbotões! Quantos nós no estômago a cada menção da barbárie! Que vontade de embarcar num asteroide e fugir para bem longe da órbita terreal!
O pequenino havia até mesmo contribuído com suas moedinhas para aumentar o ganho do assalto dos desgraçados, mas..., infeliz criança, foi incapaz de atender a ordem dos crápulas brutais para conter o choro convulsionado pelo desespero, pelo assombro de ver materializado seu mais aterrorizante pesadelo!
Pior é que a parte infame do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), aquela que praticamente diz que guarda-roupas parrudos de 17 anos e 11 meses são anjos, ainda que executem à queima-roupa crianças indefesas como Brayan, pode ser novamente evocada neste caso.
Leio que a polícia "apreendeu" um dimenor (ai de mim se não usar o termo correto ´apreender´; fico sujeito a ser enquadrado em alguma coisa. Se publicar a foto do anjinho, então..., arrisco ser processado, executado e queimado no fogo do inferno).
Pior ainda é que li no Jornal da Mídia que um dos assaltantes maiores, presos, disse que o autor do disparo foi... BINGO!, o dimenor!
Já que estamos na onda das manifestações, poderíamos aproveitar e fazermos outra, específica contra a vergonha de sermos um dos pouquíssimos países que deixam impunes esses animais predadores da própria espécie.
Inclusive protestarmos contra alguns pelintras que se dizem defensores dos direitos humanos, que nestas horas fazem de tudo por uma nesga de luz dos holofotes, passando a mão nas cabeças dos delinquentes.
Falam de leis, de cláusulas pétreas da Carta Magna, com pose impoluta e palavras que afetam erudição. E sobre as vítimas, suas famílias que nada entendem de leis, mas entendem profundamente de dor e melancolia, só a tentativa de consolo das almas bondosas que não têm a prerrogativa do poder.
Tratemos de lutar para que não mais necessitemos desagravar indignação e revolta apenas com a torcida pela justiça do olho por olho.
Como neste caso, em que faço votos efusivos de que os canalhas que mataram Brayan sejam devidamente apresentados aos demais detentos com as credenciais de assassinos de crianças bem explicitadas.
É que até os bandidos mais sanguinários têm sua ética, e barbarizar crianças normalmente é repulsivo até para eles
Que os colegas de cárcere sejam informados de que o pecado do menino foi tão-somente ser incapaz de dominar a própria inocência!
Autor: José Henrique Vaillant