Bom Jesus perdia um filho adotivo (nasceu em Itaperuna - RJ) mas que se revelou, através do amor e dedicação pela cidade, mais legítimo que o mais legítimo bom-jesuense.
Poeta consagrado além-fronteiras, escritor de escol, jornalista diletante, possuía aquele delírio criador que lhe incendiava a imaginação.
Possuidor de invejável capacidade de se expressar pelas palavras, Athos foi um mestre na arte de bem escrever.
A propósito, peço licença ao também grande jornalista Edison Chaves, e permito-me transcrever, na íntegra, um emocionante depoimento de sua autoria a respeito de Athos, publicado em "A Voz do Povo" no ano de 1976, intitulado "O invejável Athos Fernandes":
“Invejável é a posição de quem consegue ser, a um só tempo, grande poeta e excelente escritor.
Somente quem escreve pode avaliar, perfeitamente, as dificuldades que se oferecem à transmissão da mensagem, ou, como se diz, para se dar o recado.
Nem sempre as palavras condizem com o pensamento. Há entrechoques do querer e do poder. Há limitações gramaticais ou terminológicas. Não é fácil!
Há muito venho acompanhando a participação constante do Athos em nossa imprensa.
Há muito venho acompanhando a participação constante do Athos em nossa imprensa.
A cada dia que passa, maior é a admiração que tenho pela pena extraordinária desse incrível jornalista do interior que, sem receio, posso afirmar se sobrepõe a muitos editorialistas da imprensa das metrópoles.
Palavra fácil e erudita, inspiração incomum, são ingredientes que não faltam aos seus artigos e poemas.
Ao ler o seu editorial “As Antinomias da Arte”, senti- me terrivelmente pequeno para estar no mesmo jornal que ele. É uma covardia!
Ao ler o seu editorial “As Antinomias da Arte”, senti- me terrivelmente pequeno para estar no mesmo jornal que ele. É uma covardia!
Encontrei, sinceramente, a par da clareza, do recado bem dado, do tema bem colocado para os nossos dias, encontrei, repito, e assinalei dez palavras cujos significados não conhecia, algumas totalmente inéditas para mim.
Imagino quanta leitura, quanto tempo de autodidatismo deve ter o nosso amigo Athos.
A facilidade para redigir, que a gente percebe num simples bate-papo, deve ter-lhe custado muita dedicação, muito amor à arte jornalística.
Não fosse a voz rouca, teríamos nele, também, um primoroso orador.
Mas já seria demais!
O que mais admiro, no entanto, em Athos Fernandes, é a sua simplicidade pessoal. Na rua, no trabalho, na mesa de botequim, ele é sempre o mesmo: sóbrio, educado, humilde.
A acolhida que me deu, aqui ao seu lado, com o meu vocabulariozinho do dia a dia, sem maiores pretensões, aumentou o respeito e a estima que lhe dedico.
O que mais admiro, no entanto, em Athos Fernandes, é a sua simplicidade pessoal. Na rua, no trabalho, na mesa de botequim, ele é sempre o mesmo: sóbrio, educado, humilde.
A acolhida que me deu, aqui ao seu lado, com o meu vocabulariozinho do dia a dia, sem maiores pretensões, aumentou o respeito e a estima que lhe dedico.
Daí, a razão destas palavras.”
Retorno
Retorno
Há que se acrescentar que Athos praticava um jornalismo agressivo e destemido em todas as situações e circunstâncias que contrariavam suas convicções políticas e sociais nos quase 30 anos que trabalhou em "A Voz do Povo".
As críticas mordazes, os textos audaciosos, sempre causavam polêmica e atingiam em cheio o objetivo: defender intransigentemente os interesses coletivos. PS - Athos tinha um grande defeito, era Vascaíno.
Mas ninguém é perfeito!
Mas ninguém é perfeito!
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/1997