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12 de abr. de 2013

"Perseguição política": panacéia

Nenhum brasileiro pode atualmente, em sã consciência, na plenitude da lucidez, olvidar que estamos vivendo talvez a fase mais perversa da corrupção da história republicana.


O achincalhe é total, já não há sequer uma pequena preocupação da salvaguarda das aparências, a coisa se institucionalizou de tal forma, tão às escâncaras e tão impunemente, que parece não haver mais solução (vale enaltecer o trabalho da Polícia Federal, que jamais, em tempo algum, teve tanto trabalho e se mostrou tão eficaz.

Já a Justiça...



Interessante notar que políticos extremamente inteligentes, perspicazes, bem preparados de intelecto, que roubam da forma mais engenhosa não encontram desculpa melhor elaborada quando se vêem denunciados do que a mesmíssima cantilena, velha do vento sul, de que tudo não passa de 'perseguição política'.

Ora, ora, ora, como dizia o velho Teotônio. Nem sequer respeitam nossa inteligência. 

Mas eu, em verdade, lhes digo: tirem o cavalinho da chuva, macanudos, pra cima de mim, não. De há muito acabou o que se denominava 'movido pela causa'. 

Poucas são as exceções que se preocupam realmente com o destino do seu país, do seu município. 



O negócio hoje é "dê cá aquela palha", e dessa profusão de interesses pessoais resulta a "perseguição política". 


E ai de nós se não fosse ela, pois se com perseguição, que gera denúncias, estamos na fossa do Planeta, ganhando apenas de Serra Leoa (alguém sabe que Serra Leoa é um país paupérrimo nos confins da África Ocidental?) em distribuição de renda, por exemplo, como seria "sem perseguição"? 

“Ei, você aí com o bocão nesse tetão, sabe quantas crianças seriam salvas da inanição (com rima e tudo) se você mamasse menos?”, seria uma reação edificante. 

“Ei você aí com este bocão..., vai mamar tudo? E eu, como fico?”, é a realidade. 

Daí, repito, a "perseguição"...

Bom Jesus também foi alvo recentemente dos "perseguidores". 

Só que os nossos envergonham a classe persecutória, cujos membros têm, em muitos casos, a coragem de mostrar a cara.

Os daqui, não, se esconderam na covardia do anonimato, são a essência do mais repugnante X-9. 

Aos denunciados caberia, se tivessem o preparo necessário, inovar a justificativa fácil e cômoda do "é perseguição política". 

Fernando Collor também evocou em sua defesa esta frase imorredoura, e para não me alongar, todos, rigorosamente todos os políticos que são pegos com a boca na botija se valem da indefectível "é perseguição política".

Se os de Bom Jesus estiverem realmente com as consciências tranquilas, nada a temer, até pelo contrário. 

Provem que não estão também no valhacouto da imoralidade, reabilitem o nome de nossa cidade manchado pelas "perseguições". 

Haveríamos de desfrutar dessa pretensa luz que se faria no fim do túnel e a "perseguição" de hoje transformar-se-ia na mais eficiente publicidade política de amanhã.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/2005