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12 de abr. de 2013

Órfãos da ditadura; Ou, perdoem o trocadilho: querem imprensar a imprensa para impregnar a todos das imprecações dos imprestáveis impreparados

O projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados é uma ameaça sem precedentes à liberdade de expressão desde a República dos Generais. 

Entre outros casuísmos sinistros contra a liberdade da imprensa, destacam-se os que não limitam as indenizações pecuniárias por difamação, calúnia ou injúria, permitindo as condenações absurdas. 


Imaginem uma empresa com ativo de, por exemplo, R$ 5 milhões, condenada a indenizar R$ 10 milhões! 

Imaginem, principalmente, se o juiz que determinar a indenização não for muito simpático a essa empresa! Não seria o seu fim? 

E o que dizer da proposta de multarem os jornalistas em até R$ 100 mil reais? Será que esses jornalistas se sentirão à vontade para desenvolver bem o seu trabalho?

É preocupante! Até mesmo revoltante saber que o “Cristo” nesta história, como sempre, e mais uma vez, será o povo, que se verá privado da informação plena, verdadeira, sem maquiagens ou retoques.

Os lorpas e os pascácios (como diria Nelson Rodrigues) já esfregam as mãos de contentamento, e muitos nem conseguem disfarçar a ansiedade.
 
São os órfãos da ditadura, reféns das mentes doentias pela prepotência e princípios autoritários.


Quem se beneficiará com uma imprensa fraca e transida? 

Quem tem receios de uma imprensa forte e atuante? 

Sem querer generalizar, até porque existem, sim, os que são honestos, idealistas e de bons propósitos, parece evidente que os que mais lucrariam seriam os políticos..., digamos assim, pouco sintonizados com as noções de ética e probidade no trato com a coisa pública. 

E esses, por certo, têm motivos de sobra para não simpatizar com a imprensa, seja porque denuncia suas maracutaias e falcatruas, seja por ter enorme capacidade de aglutinar a sociedade na indignação por fatos imorais ou antiéticos. 

Não foi assim no caso do Orçamento? Dos precatórios? Da compra, venda e aluguel de votos, parlamentares e mandatos?

Como podem conviver amistosamente com uma instituição legitimada nas lutas inglórias contra as segregações políticas e sociais, adquirindo credibilidade que os obriga a cortar na própria carne, como foi o caso da supressão de privilégios amorais que aviltavam a imensa parcela da população faminta e desesperada? 

Como olvidar um poder que absorve os clamores populares e derruba até presidentes indesejáveis?

Pois bem. É exatamente alguma dessa gente que decidirá se aprova ou não a nova lei de imprensa no Brasil. 

Queria Deus que eu esteja enganado, sentirei enorme prazer se tiver que queimar minha língua. Mas, a priori, temo que estejam abrindo as portas do galinheiro para as raposas.

A propósito, não resisto à tentação de reproduzir uma frase dita pelo personagem do ator Brad Davis, num espúrio tribunal de um país qualquer, no momento em que, na trama do filme “O Expresso da Meia Noite”, estava sendo vítima da mais ignóbil injustiça: 

"Para um país de porcos, não admira que vocês não os comam”. 

E faço uma analogia com a frase do Brad com uma que bolei agora: 

“Para um país injusto, ADMIRA-ME que ainda não tenham derrubado a livre imprensa”.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/1997 e adaptado posteriormente