18 de jun. de 2013
O gigante acordou e assusta a politicada! Que mande tentáculos para Bom Jesus e região
No início das manifestações em São Paulo, fiz um texto condenando as depredações, as badernas, além de questionar os princípios de tão grande número de pessoas resolver brigar por causa do aumento de vinte centavos de Real no preço das passagens dos ônibus, enquanto políticos roubam bilhões e quase ninguém diz nada.
Surpreendi-me muito positivamente depois com a continuidade da manifestação, que demonstrando fôlego para continuar, mostrou que não se restringia a meia dúzia de bandoleiros (sempre há em qualquer movimento) e que os R$ 0,20 foram a gota d´água a romper o dique da gigantesca onda de indignação e revolta pelas circunstâncias de um país à deriva, cercado de vagas monstruosas de corrupção, incompetência, descaso, hipocrisia, megalomania, et caterva. Melhor: espraiou-se para os quatro cantos do país.
Não esqueçam o que escrevi ao censurar os valentes com coquetéis Molotov, pedras e bombas caseiras nas mãos, porque se violência e quebra-quebra resolvessem alguma coisa, a Terra seria o paraíso universal (para os mais fortes fisicamente, claro).
Mas o que emergiu daquele casulo, inicialmente a meu ver purulento de bagunça pela bagunça, foi algo precioso, algo que parecia morto e sepultado, e que se mostra agora mais vivo do que supunha a vã filosofia da matreira política.
A resistência às práxis mais tacanhas, que até escrevi em versos como mortalmente ferida (aqui), queimou minha língua. E como é gostoso ter a língua queimada assim!
Qual Fênix, a ave lendária da mitologia grega que ressurge das cinzas, mais bela e mais forte cada vez que se cumpre seu ciclo de 500 anos de vida, a indignação mostrou sua face jovial e bela, o descontentamento apresenta-se hígido, com brios de um Sansão de compridas madeixas, o conformismo se nutre de kriptonita e se transfigura em seu antônimo, sólido como aço.
Demorou, mas veio, ardente como o vento do Saara, a reação que, sem bandeiras políticas claramente definidas, aplica um duro golpe em todas elas!
Aplica sobretudo às que se revezam há 10 anos, sejam tremulando no espectro de terra arrasada como protagonistas, ou coadjuvantes (na realidade todas, porque a rigor não há oposição com O maiúsculo)!
Ficam com as caras abestalhadas até mesmo os papas da comunicação, os marqueteiros das agremiações partidárias nutridos a ouro em pó, incompetentes e incapazes, todavia, de preverem que o pessoal do mundo virtual estava prestes a tirar o traseiro da cadeira e os olhos nos facebooks da estratosfera e se materializar no mundo real.
Está sendo um pandemônio! Políticos de variados matizes olham-se aparvalhados, perplexos, como passageiros de um Titanic de dimensões planetárias que acaba de colidir com um rochedo de gelo! Nestes terríveis momentos, cai a empáfia que os eleva ao altar da imortalidade e se instala o pânico, a certeza nua e crua da fatal mortalidade.
A charge aí em cima parece ter sido feita sob encomenda para mim. Meu texto anterior de repúdio à violência dos manifestantes é representado pelo policial subjugando um baderneiro (na charge, à esquerda); e este texto de agora tem a alegoria de um manifestante (à direita), que dentro dos limites da lei e da ordem num Estado Democrático e de Direito mostra a força da democracia e do exercício de cidadania a um policial que eventualmente esteja com intenções ditatoriais.
Sim. Ainda que mais nada aconteça, uma transformação se fez no país. Nada mais será como antes, o espectro das redes sociais rondará como zumbi as cabeceiras da entourage política e despedaçará cada fibra da sensação de impunidade e pequenez de princípios éticos.
Pensei que morreria sem ter desfrutado tamanha satisfação, que será ainda mais completa se puder presenciar algo semelhante em nossa microrregião, que vem merecendo, há décadas e décadas, um sonoro e retumbante BASTA!!!
Autor: José Henrique Vaillant