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16 de jun. de 2013

O Sr. Blatter administra o circo; o governo generoso dá o pão; e o povo, ingrato, vaia. Recebeu um pito do presidente da Fifa!

Blatter e Dilma: constrangimento

Ontem (15/6) a presidente Dilma Roussef foi sonoramente vaiada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, quando da abertura da Copa das Confederações.

Não uma, nem duas, mas três vezes: quando anunciaram sua presença; quando o presidente da Fifa Joseph Blatter mencionou seu nome, e quando ela própria discursou rapidamente, em alguns segundos que duraram uma eternidade para ela, ao declarar aberto o torneio.


Blatter inclusive interveio censurando o povaréu, pedindo fair play que, no Português claro, quis dizer educação.

Sem disfarçar o constrangimento, Dilma deve ter pensado, de dentro do buraco ontológico em que enfiou a cara, que este sábado foi um daqueles dias que não deveria ter saído de casa!

Ninguém gosta de ser vaiado, claro. Mas nestes tempos em que os governantes petistas sentem-se como semideuses, o apupo do povão dói mais.

O alarido da torcida magoou, mesmo considerando que Dilma já vinha sendo treinada em receber vaias metafóricas pela inflação, pelo pibinho, pela desaceleração da economia, pela queda vertiginosa nas pesquisas de popularidade, pela faxina ética que ameaçou fazer e não fez, pela base aliada mais infiel do que pensava Bentinho, de Capitu; pela mediocridade, enfim, deste governo que é uma cópia ruim e melancólica da única bandeira lulista – o assistencialismo desvairado!

Isso significa que ela corre riscos para se reeleger? Não sei. Ainda que a vaia fosse na Arena Pernambuco, na Fonte Nova ou na Castelão, permaneceria em dúvida porque público futebolístico é uma coisa, e público “bolsafamilístico”, outra.


Uma coisa, porém, fica definitivamente estabelecido: candidato a demiurgo desce do etéreo pedestal, coloca a empáfia num embornal e conforma-se em ser simples mortal, para rimar legal.

O que precisa ocorrer com Blatter. Mesmo que o futebol seja o esporte predominante, sua senhoria, ainda que o presidente da toda-poderosa Fifa, não tem o direito de se meter na vaia alheia. 

O senhor doutor também não é um demiurgo, viu Sr. Blatter? Que credenciais divinas o Sr. ostenta para se encher de razões e dar esporro no povo?

A vaia, Sr. Blatter, assim como outras manifestações que não afrontem a lei e a ordem, são mecanismos democráticos que o cidadão tem para demonstrar insatisfação.

Qualquer ato, ação ou atitude de censura a ela denota autoritarismo, princípios totalitários.

Quer dizer que o Sr. julga que o povo, além de pagar o preço estratosférico por suas arenas, pagar o preço exorbitante das mordomias que um simples beija-mão do papa custa R$ 700 mil, ainda não tenha o direito de vaiar? Tem de aplaudir de pé com as mãos, enquanto os senhores sacodem as joias para ditar o ritmo?

Menos, Sr. Blatter, menos! Não venha dar pitaco na vaia dos outros. O povo já tem o pão, da bolsa esmola, e o circo que, a propósito, um deles o Sr. administra.

Mas ele, o povo, não quer só isso. E não sou eu quem diz, são as vaias! 

Autor: José Henrique Vaillant