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14 de jun. de 2013

O velho do Restelo bom-jesuense


Aproveitando a deixa da presidente Dilma, que referiu-se ao Velho do Restelo, personagem do poema épico de Luís Vaz de Camões, “Os Lusíadas”, escrevo este texto.

A excelentíssima presidente, em seu profundo saber e preparo asseverou que o Velho do Restelo era um..., velho..., e um pessimista, de carteirinha e crachá.



Segundo ela, o ancião ficava na Praia do Restelo tentando desesperadamente fazer ouvirem sua cantilena monocórdia sufocada pela algaravia de patrícios eufóricos pela partida das caravelas que desbravariam terras desconhecidas:

- Não vai dar certo, não vai dar certo -, desfiava o arquétipo de velho, estereótipo de pessimista (Canto IV, de “Os Lusíadas”).

Dizia a presidente que seus críticos são como o Velho do Restelo.

Estes, tal como aquele, são pessimistas, não enxergam o futuro radiante que os aguarda, certamente referindo-se subliminarmente ao maravilhoso, ao divinal, ao soberbo governo petista que prepara o alicerce para o paraíso!

Serei velho, aos 59? Tenho de perguntar aos burocratas das nomenclaturas, que poderão responder-me: pré-terceira-idade (se disserem que estarei transpondo o umbral da ´melhor idade´, juro que distribuo bengaladas nas cabeças deles, a três por dois).

Agora, sem dúvida, ainda que um pré-terceira-idade, já estou há muitos anos no Restelo bom-jesuense a clamar firme aos quatro cantos: não vai dar certo, não chegaremos lá!


- Por quê? - perguntará alguém, sobretudo os audazes e revolucionários políticos da terrinha.


Bem. A obviedade do crescimento vegetativo não cabe celebrar. Uma escola, um calçamento, um posto de saúde, um equipamento, são como arroz com feijão.

Se uma casa é capacitada a abrigar no máximo 10 pessoas, 20 pessoas necessitam duas casas. Isso é que denomino crescimento vegetativo.

Por outro lado, se há três casas para as mesmas 20 pessoas, seguramente elas viverão mais confortáveis. Logo, a 3ª casa é um crescimento não vegetativo, aditivo. Nosso trânsito, por exemplo: em Bom Jesus do Norte, a situação chega às raias do surrealismo.

A avenida principal, mais movimentada, não experimenta ao menos o crescimento vegetativo; pelo contrário, há décadas vem diminuindo, declinando paulatinamente porque os veículos de todos os tipos e naturezas, cuja quantidade cresceu exponencialmente trafegam nos mesmíssimos espaços onde antigamente um ou outro tílburi ou caleça, dos ricos fazendeiros, iam e vinham esporadicamente.

Pior: a via acanhada, estreita, de mão dupla, ainda serve como pátio de revenda de veículos usados, depósito de material de construção, estacionamento em ambos os lados.

Numa analogia, aquele logradouro que, repito, é o principal e mais movimentado da cidade, é uma casa onde cabem no máximo 10 pessoas e abriga 200!

Bom Jesus do Itabapoana, a lesma lerda. Uma praça aqui, um posto acolá, um asfalto alhures. Crescimento vegetativo! Ou algum visionário pode indicar um projeto que supere as especificações do vegetativo a este velhote cegueta e pessimista em que me transformei?

Sobre a terceira ponte, o que temos? Do péssimo e limitado sistema de luz e força? De projetos sustentados, de ampliações viárias, que falam?

As Bom Jesus vêm há tempos, mas há tempos mesmo, carecendo de planejamento.

Há uma teoria segundo a qual a música popular é hoje ruim e descartável devido à ausência da outrora ideologia da contestação, seja ao regime, seja aos costumes.

Da mesma forma parece caminhar a política, que se nutre cada vez menos de nacionalismo e cada vez mais de personalismo, porque ruiu inexoravelmente o amor ao torrão natal.

Já não se bate mais no peito com orgulho, afirmando, por exemplo: sou de Bom Jesus! Sou daquele lugar que, parafraseando o poeta, não sabendo que era impossível, fomos lá e fizemos dele o melhor para se viver!

Senhores políticos: não sejam audazes e revolucionários no discurso. Sejam apenas coerentes com as promessas de campanha; materializem ao menos 10% delas, que me tornarei um otimista praticante e juramentado!


Em tempo: há cerca de seis anos, fiz um desagravo ao Rio Itabapoana sob a inspiração de "Os Lusíadas". Ficou bem legalzinho, vejam aqui

Autor: José Henrique Vaillant