13 de jun. de 2013
Pobre povo brasileiro: é roubado em bilhões e só protesta por R$ 0,20 (vinte centavos)
A charge do Nani é uma gaiatice visual que ajuda a gente a colocar em ação o velho adágio "rir pra não chorar". São Paulo ferve no caos, faz lembrar Atenas, Damasco, Paris, Cairo, etc. As pessoas têm o seu direito de ir e vir cerceado, se alguém morreu porque não pôde ser socorrido a tempo..., paciência, a causa é nobilíssima!
Nas megalópolis estrangeiras, os protestos são movidos a coisinhas, digamos assim, menos importantes: crises econômicas e políticas, vontade de mudar governos corruptos, autoritários ou incompetentes.
Aqui, não, violão. Em Terra Brasilis não ficamos perdendo tempo com essas minudências.
Pouco estamos nos lixando para os mensaleiros que desviaram milhões e milhões dos cofres públicos;
Com o Maluf gozando as delícias da vida nababesca, tendo a mão beijada pelo ex-presidente Lula em busca de apoio político, enquanto a maldosa da Interpol coloca, vejam só, cartazes de procura-se o homem em vários países; montanhas de dinheiro transportado em cuecas; escândalos pipocando a três por dois diariamente, e assim sucessivamente pelos séculos e séculos, amém.
Isso a gente releva. Agora, aumentarem as passagens de ônibus em R$ 0,20..., não! Aí já é querer gozar com a nossa cara. Roubar da gente tão pouquinho não dá, pensam o quê? Só aceitamos roubos milionários, somos mesmo os tais!
Incrível isso. Jovens vestindo camisetas de marcas famosas, tênis de R$ 600 o par, ferindo policiais, depredando, incendiando a cidade..., por R$ 0,20. Ah, mas estão brigando pelos carentes...
Coisa nenhuma! Estão se divertindo, isso sim, às custas justamente dos mais carentes, os que mais sofrem com a baderna. Depois chegam em casa, ligam seus aparelhos nas redes sociais e celebram, frenéticos, suas performances.
Triste, muito triste, Nani, concluir a que ponto chegamos, a quão vazia anda a mentalidade coletiva que nada idealiza no campo das conquistas éticas, morais e sociais, mas tão-somente a bagunça pela bagunça.
Só mesmo o cara aí da charge fazendo a promoção de três pedras a R$ 10 traz o alento que a comicidade propicia mas que é, sobretudo, uma cruel metáfora do prejuízo fenomenal de um povo por causa de vinte centavos!
Quem vocês acham que pagarão a conta, galera? Raciocinem, nem que seja uma vez. Em nome da Cruz!
Autor: José Henrique Vaillant