Reza a cartilha dos bebuns que o primeiro gole é "do santo", e esquecer de jogar aquele bocadinho nas quinas ou no chão é digitar a senha pela qual as entidades intangíveis podem abrir as portas do inferno para o ébrio infeliz.
Mutatis mutandis, dilapidaram o país, roubaram sem dó nem piedade, acabaram com uma das estatais mais sólidas do Planeta, botaram grana nas cuecas, nas meias e até, quem sabe, nos orifícios impudicos, intentando transformar o Brasil num imenso e ensandecido covil de ladrões.
Vivemos um pesadelo infindável de manchetes, onde a palavra ´corrupção´ faz parte do cotidiano, como as filas nos hospitais, a carestia nos supermercados, a revoada infernizante dos mosquitos que só faltam transmitir a praga dos faraós. Aliás, uma pausa: por falar em mosquito, como bem disse Reinaldo Azevedo, "Dilma presidente e Marcelo Castro ministro da Saúde é muita zika para um só país"!
Retomo: E quiseram comer tudo, da copa à raiz, sem sequer separar a insignificante parte do santo, digo, do povo, que tem no juiz paranaense Sérgio Moro (este, sim, SUA EXCELÊNCIA, ao contrário das excrescências minúsculas) uma das raras e dignas exceções representativas desse povo.
Moro, uma entidade quase etérea em se tratando da terra onde vive (se é que vocês me entendem), é o santo que cobra um alto preço pelo ´esquecimento´ dessa corja de vagabundos, cuja sede chega ao paroxismo da loucura de promoverem a devastação da outrora pátria-mãe-gentil sem deixarem nada pro santo. Qual uma nuvem gigantesca de enlouquecidos gafanhotos, tudo se reduz a nada ante seu apetite descomunal.
Felizmente "ainda há juízes em Berlim". Empreiteiros, políticos e uma cambada de parasitas nojentos caíram na teia de Sérgio Moro e vêem o sol nascer quadrado através do basculante em cima da privada imemorial e fedorenta onde fazem o ´número 2´, de cócoras e em público. Funicaram-se!
E agora, um inseto que se achava imune a tudo está prestes a também se funicar. Esqueceu-se, o pilantra, de que só as aranhas não se atrapalham nas teias.
Como no Brasil atual os parasitas parecem mais numerosos do que seus hospedeiros, fica difícil conviver com tamanha degradação da moral e da ética, com a bandidagem reinante. Só o desinfetante Moro é insuficiente, necessitam-se mais pesticidas. E aos que tomarem as rédeas políticas do Brasil no futuro, não se esqueçam, hein... A "do santo" é sagrada!
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado originalmente em fevereiro/2016