Este, no entanto, se superou em me deixar melancólico. Uma manchinha vermelha na perna direita que apareceu no dia 22/12, do tamanho da cabeça de um alfinete fez-me internar no São Vicente dois dias depois com prognósticos sombrios e cenho franzido do médico.
A “cabecinha de alfinete” se transformou em 48 horas numa ferida com o diâmetro de uma moeda de R$ 0,25, preta que chegava a reluzir, irradiando uma onda vermelha de irritação (princípio de erisipela, me disseram) que ia do joelho ao pé.
A ferida podia ulcerar e permanecer aberta por todo o sempre, lembrando as de certos pedintes que ao menos encontraram uma forma de lucrar com a própria desgraça.
Fiquei eu, então, ouvindo ao longe os sinos pequeninos de Belém num quarto do São Vicente, muito bem assistido e dignitário das melhores atenções e dos mais eficazes antibióticos, pensando com simpatia incomum no chester e nas rabanadas.
Fiquei eu, então, ouvindo ao longe os sinos pequeninos de Belém num quarto do São Vicente, muito bem assistido e dignitário das melhores atenções e dos mais eficazes antibióticos, pensando com simpatia incomum no chester e nas rabanadas.
Em dado momento recebi a visita do amigo Damoita, ex-jogador de futebol, que pelo uniforme de prisioneiro e um cabo de vassoura ao ombro sustentando um frasco de soro logo compreendi que também era vítima da maldição natalina em forma de uma grave crise vesicular.
Saímos ambos a tempo de comemorarmos em família a passagem do ano, devidamente curados e sinceramente determinados a nos livrarmos enfim de nossos vícios (eu, do cigarro, ele, da bebida).
Saímos ambos a tempo de comemorarmos em família a passagem do ano, devidamente curados e sinceramente determinados a nos livrarmos enfim de nossos vícios (eu, do cigarro, ele, da bebida).
Já estou há mais de mês sem nicotina, ele assegura estar pelo mesmo período sem o álcool. E certamente nossos natais, daqui em diante, terão um colorido mais especial, espero.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/2003