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4 de abr. de 2013

Natal e hospital rimam. Ou, notas pessoais nevoentas na transição 2002/2003

Não sei o que há comigo mas não gosto de natais. Em todos fico deprimido e confesso enfrentar os rituais de forma mecânica e por honra da firma, ou melhor, da tradição, que não é de bom alvitre contrariar. 

Este, no entanto, se superou em me deixar melancólico. Uma manchinha vermelha na perna direita que apareceu no dia 22/12, do tamanho da cabeça de um alfinete fez-me internar no São Vicente dois dias depois com prognósticos sombrios e cenho franzido do médico.



A “cabecinha de alfinete” se transformou em 48 horas numa ferida com o diâmetro de uma moeda de R$ 0,25, preta que chegava a reluzir, irradiando uma onda vermelha de irritação (princípio de erisipela, me disseram) que ia do joelho ao pé.



A ferida podia ulcerar e permanecer aberta por todo o sempre, lembrando as de certos pedintes que ao menos encontraram uma forma de lucrar com a própria desgraça.

Fiquei eu, então, ouvindo ao longe os sinos pequeninos de Belém num quarto do São Vicente, muito bem assistido e dignitário das melhores atenções e dos mais eficazes antibióticos, pensando com simpatia incomum no chester e nas rabanadas. 

Em dado momento recebi a visita do amigo Damoita, ex-jogador de futebol, que pelo uniforme de prisioneiro e um cabo de vassoura ao ombro sustentando um frasco de soro logo compreendi que também era vítima da maldição natalina em forma de uma grave crise vesicular.

Saímos ambos a tempo de comemorarmos em família a passagem do ano, devidamente curados e sinceramente determinados a nos livrarmos enfim de nossos vícios (eu, do cigarro, ele, da bebida). 

Já estou há mais de mês sem nicotina, ele assegura estar pelo mesmo período sem o álcool. E certamente nossos natais, daqui em diante, terão um colorido mais especial, espero.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/2003