
Permita-me tratar-te assim, de forma um tanto insolente, e não consideres como desrespeito.
É que não costumo reverenciar pessoas apenas pelos cargos ou títulos que possuem, nem mesmo o de presidente da República, como é o teu caso, salvo quando julgo se o que de fato elas fazem em prol da sociedade é algo edificante e proveitoso.
Sei que não te lixas por um, assim dizer, escrevedor obscuro e interiorano, da mesma forma como fazes ouvidos moucos aos lamentos que brotam em profusão de todos os rincões da pátria.
Mas estas linhas, traçadas sob a influência do desapontamento e da decepção, talvez, quem sabe, possam tocar-te o coração suavizando-te a arrogância e a insensibilidade com as quais distingues teus iguais em Cristo e em nacionalidade.
Mas estas linhas, traçadas sob a influência do desapontamento e da decepção, talvez, quem sabe, possam tocar-te o coração suavizando-te a arrogância e a insensibilidade com as quais distingues teus iguais em Cristo e em nacionalidade.
Devo lembrar-te, Luis Inácio, que honestidade não deve ser tomada como virtude extraordinária e excepcional do ser humano.
Ainda que seja verdadeiro o que propalas, de teres nela teu apanágio, isso só se aplica no sentido banal do termo, qual seja abster-te de roubar, o que convenhamos é uma obrigação.
Ainda que seja verdadeiro o que propalas, de teres nela teu apanágio, isso só se aplica no sentido banal do termo, qual seja abster-te de roubar, o que convenhamos é uma obrigação.
Mesmo genuína essa "abstenção" (tenho cá muitas dúvidas), não praticas a honestidade que propalas em toda a plenitude, pois tuas ações canhestras e omissões colossais subtraem de forma brutal a esperança de quem acreditou na tua tão decantada capacidade de gerenciar o Brasil tendo em vista tão-somente o resgate da dignidade dos brasileiros.
Tal não acontece, Luis Inácio. Tua propaganda foi enganosa, ludibriante, logo, desonesta.
Enquanto teu povo se angustia, se estressa e se depaupera na vastidão saturnal da falta de perspectivas, da fé que se esvai e da esperança que se exaure, políticos larápios esfalfam a Viúva à exaustão sem nenhum encargo de consciência por fazê-lo acintosamente perante os seus (dela, a Viúva) milhões de órfãos marginalizados, injustiçados, oprimidos.
E nas tuas barbas literais e figuradas, Luis Inácio!
Enquanto teu povo se angustia, se estressa e se depaupera na vastidão saturnal da falta de perspectivas, da fé que se esvai e da esperança que se exaure, políticos larápios esfalfam a Viúva à exaustão sem nenhum encargo de consciência por fazê-lo acintosamente perante os seus (dela, a Viúva) milhões de órfãos marginalizados, injustiçados, oprimidos.
E nas tuas barbas literais e figuradas, Luis Inácio!
As cenas dantescas que assistimos diariamente de roubos e furtos por parte de políticos refletem a putrefação que assola certos ambientes imponentes e coalhados de desdenhosa ostentação em Brasília!
Tu não és, claro, o único responsável por essa atmosfera viciada que nutre uns poucos e sufoca a maioria, mas nada fizeste do que prometeste para dissipá-la.
Preocupas-te demasiado com teu ego, e a necessidade diuturna de massageá-lo obscurece-te os sentidos da modéstia e do discernimento impossibilitando-te vislumbrares a realidade da nossa “Suitiópia” (mistura de Suíça das contas numeradas com Etiópia da plebe esfaimada).
Falo de fome, Luís Inácio, mas não só a que martiriza os estômagos. Esta, tu, diabolicamente, cuidas de minimizar como salvo-conduto para tua perpetuação no poder, distribuindo esmolas a três por dois.
Falo sobretudo metaforicamente dos milhões que sentem "fome" de Educação, de Saúde, de Dignidade, de Consciência Cidadã.
Apegas-te sofregamente na única e tênue bandeira que abraçaste, a corrosiva política econômica dos banqueiros e dos especuladores que herdastes de quem ultrajavas, e dela não te afastas nem que a vaca tussa.
Assim como teu antecessor, tu só pensas em prolongar o suplício do teu povo, reelegendo-te, sem sequer dar-te ao trabalho de mudar uma vírgula do que foi o governo neoliberal desastroso que te tornavas apoplético quando ainda não embarcado na sinecura.
Quer dizer, o que antes tu vociferavas como sendo o inferno do Brasil, hoje consideras o paraíso!
Não é nada pessoal, Luis Inácio. Mas fui ludibriado na minha boa-fé (só uma vez, deixo claro, já que procuro não cometer o mesmo erro duas vezes) e esta é minha desforra, que se não chega a destemperar-te a indiferença, repercute de forma mais contundente tua reputação a meu juízo.
E creio que não somente eu, mas muitos dos que tiveram a desdita de crer-te um estadista, hoje também fazem um desagravo às próprias consciências, da maneira que podem, e...ah, ah, ah, se Deus quiser, através das urnas, muito embora surrupiaste a tosca capacidade de discernimento do povão injetando-lhe o potente vírus da Síndrome de Estocolmo.
Ouso afirmar que até mesmo aquele metalúrgico torneiro-mecânico, o notável sindicalista que perseverou na areia movediça da República dos generais, e que tanta admiração me causava pela bravura e obstinação persecutória da liberdade e da justiça, haveria de discordar com veemência do seu clone chocho, despersonalizado e desfigurado de agora.
Mantivesses, Luis Inácio, a altivez daqueles tempos, tenho certeza que “este país” teria descortinado seu rumo e aí, sim, inflado de nacionalismo e saciado de cidadania eu dirigiria-me a ti utilizando ´vossa excelência´, pronome de tratamento somente adequado, no meu entender, aos que enriquecem a História de uma nação.