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21 de mai. de 2013

Abaixo à pornografia; reabilitemos a poesia, acalanto do coração e da alma

dicasderoteiro.com 

Existiu em Bom Jesus um sujeito folclórico - já não me lembro o nome, mas com certeza muitos daqui se recordam -, que tinha o talento incomum de produzir frases rimadas em respostas a colocações diversas, mesmo as mais singelas.

Embora não agressivo, bem no espírito folgazão, que mesmo as “vítimas” de primeira viagem aceitavam numa boa, as réplicas eram invariavelmente pornográficas:


- Como vai você?, alguém que lhe perguntasse, ele respondia:
- Meu pau tu vai “querê”.

- Deixa de ser feio!
- Te comia todo dia, mas ontem você não veio...

- Seu time levou uma surra no Maracanã...
- Já curei as minhas mágoas com a gostosa da sua irmã!

E por aí afora, mas muito mais bem elaboradas e complexas do que os exemplos acima, que inventei agora, neste instante. 

Era mesmo um poeta criativo na seara pornógrafa!

Seria certamente mais edificante, todavia, se em vez de pornografia ele respondesse com pedacinhos, que fossem, de poesias:

- A corrupção no Brasil é tanta...
- Cesse tudo o que a antiga musa canta/ que outro valor mais alto se alevanta...

- Eu a amo mas ela não me ama..., sabe..., a Inez...
- Por minha quero ter-vos e não posso/ por vosso podeis ter-me e não quereis...

- Quanta violência! O que você acha do retorno dos militares?
- Andrada! Arranca este pendão dos ares!/ Colombo! Fecha a porta de teus mares!

- Estou triste, sinto na alma a dor, muita amargura...
- Só a dor enobrece/ e é grande, e é pura/ aprende a amá-la, que a amarás um dia/ então ela será tua alegria/ e será, ela só, tua ventura...

- Ainda não encontrei minha alma-gêmea. Espero que aconteça antes da idade tardia...
- Essa que eu hei de amar perdidamente um dia/ será tão loura, e clara, e vagarosa e bela/ que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela/ trazer luz e calor a esta alma escura e fria...

- Se eu for eleito, ninguém vai roubar, vamos fazer de tudo pela nossa gente...
- Mentem de corpo e alma, completamente/ e mentem de maneira tão pungente/ que acho que mentem sinceramente.

- Não dá mais para morar neste lugar abandonado. Que farei?
- Vou-me embora pra Pasárgada/ lá sou amigo do rei/ lá tenho a mulher que quero/ na cama que escolherei.

- Que pobreza! Nem posso me casar..., ganho tão pouquinho...
- Quadro paredes, uma cama e nada mais/ eram só o que consistia nosso ninho/ onde em ritmos e loucuras saturnais/ almas fundiam-se no ápice do carinho...

E assim por diante, aos milhões. Pena que tão poucos apreciam poesias, acalantos do coração e da alma! 

Autor: José Henrique Vaillant