Impávida, vais levando tua vida ardente/
embalada na candura d´outro menestrel,/
pois é assim a sorte, leviana e excludente,/
negando a quem merece conquistar o seu laurel./
Sê feliz, se for possível sê-lo tão imprevidente./
Trocaste o bardo autêntico por um outro ao léu,/
e pode ser dos que mentem mui sinceramente,/
acenando-te com o paraíso e um lugar no céu./
Tens cautela; podes cair num pranto em vão desatinado,/
surpreendida quando fores por tão danoso engano,/
e te fugires um dia, aos pés, o chão esfacelado./
Então irás sentir a dor do ser amargurado,/
e compungida verás cair a ficha do capricho insano,/
que tornou-te pouco mais do que um fósforo riscado!/
Autor: José Henrique Vaillant