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5 de mar. de 2013

Sangue a areia. O desabamento do Palace II é mais uma mazela de políticos criminosos



Qual a probabilidade de um irmão de presidente da República (Pedro Collor) denunciar publicamente a quadrilha que o assessorava? 

Qual a probabilidade de um graduado funcionário do Congresso (José Carlos Alves) ser preso, acusado de mandante do assassinato da própria mulher, e para livrar-se da responsabilidade, denunciar os anões robustos e corados do Orçamento? 


Qual a probabilidade de se gravar conversas comprometedoras de parlamentares à venda e arrematados em liquidação da hora? 

Qual a probabilidade de um prédio (Edifício Palace II) de 176 apartamentos ruir como um castelo de cartas, sepultando pessoas, objetos, sonhos?

E no entanto acontecem, desvendando de per si os mistérios estarrecedores da parte putrefata do poder, possibilitando uma analise ainda mais cruenta:

Se estes raros acontecimentos trazem à baila tantas maracutaias, tantas falcatruas, tanta ladroagem, o que dizer da face oculta, já que nem todo dia aparecem irmãos com egos feridos, gravadores e grampos eficientes e edifícios se autoimplodindo?

O Sr. Sérgio Naya, exemplo desse naipe, com sua im(p)unidade aviltante segue célere pelos labirintos do poder à margem da lei e da ética, subornando, corrompendo e construindo prédios descartáveis mas omitindo, com perversidade, o seu prazo de validade.

Esse picareta, criminoso que deveria apodrecer na cadeia, conta  com o descaso, a omissão e incompetência igualmente criminosas de órgãos fiscalizadores dos seus empreendimentos de goma arábica com papelão nessa nossa “Suicindia” (Segundo Carlito Maia, mistura de Suíça das contas numeradas com India das turbas esfaimadas).

Não há muito o que dizer do episódio do edifício Palace II. Nosso rico e vasto idioma não oferece adjetivos superlativos para exprimir a real dimensão da nossa revolta e indignação com esse estado de coisas, principalmente quando recordamos que nosso destino é delineado por muitos dessa estirpe, que se dão a onipotência de decidir sobre a vida e a morte, às vezes no sentido literal!


Deste trágico episódio tira-se outra melancólica constatação: sem os manos delatores, gravadores ocultos, mulheres em holocausto ou prédios desabando, ficam indisponíveis outros capítulos da novela subliterata "O jogo do poder", cujo enredo inspira demais literatices macabras - porém reais, como este último episódio de "Sangue e areia".


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em março/1998