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2 de abr. de 2013

Urbi et orbi; ou, um orvalho de esperança em meio ao abrasador cenário de amargura

Ainda existe uma grande distância entre a Igreja Católica e as multidões desesperadas do mundo moderno. Estas multidões são, na maioria das vezes, desprotegidas dos governos, traídas pelos líderes improvisados e demagogos, sem proteção, sem lar, sem pão. 

É uma catástrofe o que se transformou a crise social e política (principalmente nos países subdesenvolvidos), e até mesmo a religiosa. 



Ela é tão profunda que chega a englobar a da própria consciência, mercê da eliminação dos valores morais que alicerçavam a sociedade.

Em meio a esta tormenta, a agravar-lhe as consequências, vemos a desenfreada e frenética idolatria ao dinheiro e aos bens materiais. 

Por outro lado, falharam os homens medíocres e faliram os programas ingênuos do mundo comunista. No meio desta desolação, some-se a ausência de grandes estadistas.



Uma voz, porém, se faz ouvir em meio a este tenebroso cenário: a do papa João Paulo II. Ciente de que a Igreja, cuja história está repleta de cumplicidades e indecisões incompreensíveis, ora sendo Igreja de Cristo, ora da Inquisição, não pode mais omitir-se, silenciar. 

É chamada a decidir, no áspero conflito das competições humanas a sair ao encontro das multidões que já não cabem mais nos templos. 

Por isso mesmo, João Paulo II arregaçou as mangas, enrolou a túnica, calçou as sandálias do Pescador e, há 18 anos, rompeu a algidez protocolar da linguagem do Vaticano para ir ao encontro das massas. 

Só existem dois países no planeta (me falha a memória) que João Paulo II ainda não visitou, mas que ainda pretende fazê-lo.

Empunhando com mão forte o cajado de São Pedro, destemido e sem hesitação, o papa deixa de ser a figura etérea dos seus antecessores para transformar-se num líder, porém simples como Jesus. 

Tocado, abraçado, beijado por pessoas humildes, nada compromete a aura que o envolve. 

Profere palavras profundas e corajosas, disserta sobre temas delicados, realça sua força moral consubstanciada pela inteligência iluminada e ilimitada. 

Organiza e executa as sucessivas viagens que faz a todos os continentes, alheio aos riscos, ameaças e perigos, na tentativa de revitalizar a fé no chão que beija com humildade.

Enfim, nem tudo está perdido. Ainda nos resta este exemplo de nobreza universal, e queira Deus que apareçam seres humanos que possam se espelhar em seus princípios. 

Somente desta forma poderá ser dissipado o caos em que a espécie humana contemporânea se embrenhou.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em novembro/1997