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5 de mar. de 2013

Contatos nada imediatos

Cabo Canaveral, Florida, Estados Unidos. Um brinquedinho que, para os padrões da Nasa dizem ter sido de baixo custo, mas que seguramente atingiu a cifra de milhões, decola com destino a Marte. 

Pathfinder, o robozinho simpático (foto), leva consigo as esperanças dos que almejam decifrar o enigma do universo e colher subsídios que possam satisfazer-lhes a eterna curiosidade: há outros mundos habitáveis e/ou habitados?


Minha opinião é que não teremos tão cedo esta certeza, baseada na teoria de que ainda não estamos preparados para um acontecimento dessa dimensão. 

E a razão é apenas uma: não detemos o conhecimento total a respeito de todos os nossos problemas; ainda não aprendemos tudo sobre nós próprios, mergulhados em dúvidas e incertezas a respeito de nossa própria espécie.


Então, como poderíamos entender e aceitar possíveis vizinhos intergaláticos?


Bem verdade que evoluímos muito, erradicamos alguns males que nos afligiam e consideramos ter atingido alto grau de conhecimento. Mas isso sob nossa ótica, sob o nosso ponto de vista. Quem sabe, para "eles", ainda somos iniciantes?

Ou quem sabe a arrogância dos humanos os levem a suspeitar de nossas reais intenções ao procurá-los, e por isso não dão as caras?
Como poderiam entender um ser que concebe e gasta fortunas num brinquedinho operado por controle remoto, mas ao mesmo tempo permite que seu semelhante sucumba por inanição? 

Corno poderiam compreender a ambiguidade da criação de mecanismos que salvam e que matam? E a complexidade dossentimentos terrenos, onde amor e ódio, solidariedade e egoísmo não encontram barreiras a separá-los?

Nossa maior dificuldade em mantermos contato deve ser exatamente esta. 


Se os ET's são mais evoluídos que nós, deixar-nos-ão a sós como parte de uma ética que as espécies inteligentes têm, qual seja a de respeitar o próprio desenvolvimento dos demais, até o ponto em que haja uma perfeita harmonia evolutiva que permita eventuais intercâmbios.

E certamente os terráqueos estão longe de atingir o ponto de convergência com seres evoluídos. Quem sabe isso ocorra no momento em que pudermos, ou desejarmos, parar de destruir paulatinamente o nosso próprio Planeta? 

Ou quando pararmos de nos digladiar pelas vias de fato ou através dos nossos pensamentos? Ou quando atingirmos um estágio avançado de dignidade que nos permita repudiar com veemência as razões, os porquês a civilização tem de conviver com guerras, massacres, toda a sorte de tragédias promovidas por ela própria.

Resta-nos ainda muito por fazer. Precisamos descobrir a razão de certas incoerências, como por exemplo termos capacidade de ir a Marte, mas não a de descobrirmos a cura para muitas de nossas enfermidades, nem mesmo para uma prosaica gripe;

Se conseguimos criar mecanismos para a destruição da Terra, nosso próprio habitat, umas cem vezes, como não podemos exterminar reles insetos?

Inventamos parafernálias que permitem falar com nossos semelhantes a milhares de quilômetros de distância, ao vivo e em cores, mas não descobrimos ainda uma maneira ideal de diálogo.

Reproduzimo-nos de todas as formas, naturais ou artificiais, mas não encontramos uma fórmula eficiente que dê suporte à vida.

Tudo isso, talvez, tenha sido analisado para se traçar o perfil de um terrestre. E havemos de concordar que essa pode ser a razão pela qual adiam uma visita ou não formam um comitê de recepção. 

E bem provável, até, que o ET 's, em suas rusgas eventuais, desfiram o seguinte impropério uns aos outros: - Vá para a Terra!

Autor: José Henrique Vaillant - publicado em agosto/1997