Mas hei de perseverar, pois a desgraça do cigarro justifica o pleonasmo.
Também sou viciado em café, tomo em média uma garrafa, das grandes, por dia.
Graças a Deus (se me é facultado dar graças) que os vícios maléficos são só estes dois, muito embora pesquisas apontem que tomar café regularmente reduz o risco de câncer no estômago.
Em compensação..., ah, amável leitor, graciosa leitora..., tenho o vício de ler!
Qualquer coisa serve, não sou exigente. Comparecer à privada sem os óculos..., nenhuma chance de bom desempenho da atividade-fim, cujo mecanismo só trabalha em associação com os olhos, criaram simbiose.
Às vezes, num banheiro estranho, serve jornal velho e até bula de remédio.
Certa vez, na falta de algo mais útil, me surpreendi com a carteira nas mãos "lendo" os meus documentos.
Nunca mais esqueci os números do CPF e da identidade.
Minha estante localiza-se estrategicamente bem ao lado da porta da toalete (vamos mesclar uma palavrinha perfumada a este papo escatológico...).
Encorajei-me a contar-lhes esse meu hábito porque, eu já desconfiava, não é incomum.
E quem sabe assim agindo eu estimule vocês a fazerem o mesmo, principalmente você que tem pouco tempo para o delicioso exercício da leitura.
Aliás, não só da leitura, mas da cantoria, que no entanto são atividades que exigem exclusividade de espaço, uma não prejudica a outra.
Pelo menos não tenho conhecimento de alguém que cante no vaso e leia no chuveiro.
Vejam só como ler no banheiro é uma prática mais corriqueira do que se pensa.
Vi na Internet outro dia que em algumas cidades europeias já é comum, em banheiros de estabelecimentos públicos, o tal do Loo Read, um artefato que enrola jornais nas paredes dos bathrooms.
O freguês senta-se no ´trono´ e puxa o jornal, que depois de lido é novamente enrolado automaticamente à espera do próximo usuário.
Se um dia você se utilizar de um destes artefatos, aceite um conselho: lave bem as mãos após interagir com o que entra nos dois olhos e o que sai pelo terceiro (huuuum..., temo que esta tenha sido de mau gosto!).
Os japoneses foram além. Povo culto que só, e sem tempo que só, criaram o papel higiênico literário, com livros inteiros impressos.
Já pensou? Nem é mais preciso correr-se o risco de molhar o livro ou o notebook. Acredito que funcione assim: cada sentador de trono desenrola o papel (certamente rolos individuais), que deve ser reutilizado na outra tarefa (a sórdida), no tamanho da sua velocidade de leitura e tempo.
Ou seja: se alguém entrar para aquela leiturinha básica e for ruim em ler de carreirinha, vai ter de usar trechos não-lidos do livro ou sair sujo, entenderam? (huuummmm..., temo que esta tenha sido pior!).
Se você souber de um destes traduzido, me informe.
Combinado?
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em novembro/2007