Quando, em 15/6/13 a presidente Dilma foi sonoramente vaiada no Estádio Mané Garrincha na abertura da Copa das Confederações, o Sr. Joseph Blatter (no momento em que escrevo este texto - 29/5/15 - foi reeleito para presidir a Fifa pelo 5º ano consecutivo) deu uma reprimenda nos espectadores, pedindo mais respeito.
Ao lado dele e de Dilma, o então presidente da CBF e atual vice, José Maria Marin (preso na Suíça e que possivelmente será extraditado para os EUA), parecia concordar com Blatter. Sem disfarçar o constrangimento, Dilma deve ter pensado que aquele sábado foi um daqueles dias em que não deveria ter saído de casa.
Na época, Blatter, que deleita-se de ser chamado de Vossa Excelência, recebido que é como um chefe de estado em alguns países por onde passa, julgava-se com credenciais divinas, assim como esses ridículos candidatos a demiurgos do PT, para dar puxões de orelhas no povão. Agora que a casa caiu para pelo menos sete dirigentes da Fifa pegos com a mão na cumbuca, será que o Sr. Blatter aceitaria não só a reciprocidade do fair-play, mas um apelo por honestidade e respeito pelo esporte mais popular do mundo?
Em terra brasilis, da mesma forma que o contribuinte sabe porque trabalha cinco meses ao ano só para pagar impostos e ter em contrapartida os piores serviços de saúde, segurança, educação, esse contribuinte, quando vira torcedor sabe também porque paga às vezes R$ 200 num ingresso de arquibancada para assistir ao seu time do coração!
Tanto melhor que muitos desses bandidos presos pelo FBI, já anciãos, na prática receberão sentença de prisão perpétua. Fosse aqui, dificilmente receberiam punição, a exemplo de Paulo Maluf, que tem cartaz de procurado no mundo inteiro pela Interpol, mas dá cartas e joga de mão na política tupiniquim, inclusive se tornando um provecto apoiador político de Lula.
Certo estava Rui Barbosa quando recomendava não se deixar enganar por cabelos brancos, pois canalhas também envelhecem.
O delegado da Polícia Federal, que já foi diretor da Interpol no Brasil, Jorge Pontes, afirma: “Nos EUA, quando a porta da cela é fechada, o criminoso preso ouve o som da desolação. Entretanto, não foi bem o FBI quem causou essa sensação de ´casa caiu´, mas o fato dos detidos saberem estar efetivamente sob a espada da lei, o que subentende, entre outras expectativas, enfrentarem julgamento célere, fianças milionárias, possibilidades de recursos finitos e, principalmente, penas acima dos três dígitos”.
José Maria Marin, de tão poderoso, mesmo ainda em vida tinha o nome ostentado no prédio da CBF, que foi mandado retirar às pressas por causa do vexame incomensurável. Então, fica definitivamente estabelecido: candidato a demiurgo desce do etéreo pedestal, coloca a empáfia num embornal e conforma-se em ser simples mortal, para rimar legal. E cuidado antes de roubar. Tio Sam está de olho!
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado originalmente em junho/2015