Eles repudiariam em todas as mídias possíveis, até nas interplanetárias, se houvesse, fato tão repulsivo. Então um médico, responsável por salvar vidas mata um jovem sadio, saudável, em tão pouca idade? Só porque ele queria matar para poder ter uma bicicleta? Que infâmia!
Mas deu-se o contrário. O "dimenor" que já tinha sido apreendido e solto pela Justiça 15 vezes foi quem desferiu várias facadas mortais, de forma covarde, pelas costas, antes mesmo que o médico se desse conta do que estava havendo, pedalando que estava sua bicicleta objeto da cobiça do vagabundo.
Nesse caso, apenas palavras burocráticas, para em seguida vir o dilúvio de considerações filosóficas e desgastadas pelo uso massivo do porquê o médico morreu: ao fim e ao cabo, por culpa dele mesmo, já que faz parte da sociedade, e a sociedade é a culpada pelo menor ser um homicida da mais perversa índole.
Até a presidente Dilma vociferou contra a Justiça indonésia que condenou à morte dois brasileiros por tráfico de droga. Chamou inclusive embaixador para "consultas", que é a mesma coisa que uma pessoa física ameaçar "ficar de mal" com outra. Mas no caso do médico, nem sei se palavras protocolares foram dirigidas à família da vítima.
Tem gente preocupada com as Olimpíadas ano que vem. Mas não precisa se preocupar. Como na Copa do Mundo, não haverá coitadinho vítima da sociedade matando turistas a facadas porque haverá polícia, haverá segurança.
A "sociedade" pode ficar despreocupada porque não será acusada de matar indiretamente os estrangeiros que nos visitarão. Mas depois do evento, a "sociedade fratricida" estará de volta em suas práticas de morticínio.
Na mentalidade dessa gente, quem tem de ser presa é a sociedade!
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado originalmente em junho/2015