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31 de jan. de 2017

Tudo a ver o fechamento da Santa Casa de São Paulo com a paralisia do Hospital São Vicente, de Bom Jesus. O nome da doença: descaso político

Nunca, jamais, em tempo algum deve-se colocar a mão no fogo para gestões sucessivas do São Vicente de Paulo, que têm parcelas de culpa para a situação pré-falimentar do nosocômio bom-jesuense (se não por malversações, ao menos por incapacidade gerencial). Mas fica a cada dia mais cristalina a constatação de que o tiro de misericórdia em tantas instituições de saúde Brasil afora sai mesmo do gatilho torpe da política nacional para o setor.

No dia 22/7, uma das maiores instituições filantrópicas da América Latina (senão a maior) encerrou as atividades do Pronto-Socorro. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, carente de material os mais elementares, não teve outra saída, transformando o ato de fechar, por oportuno, também num brado gigantesco do que ocorre no país, do Oiapoque ao Chuí, dos Pampas aos Seringais.



Aí deu-se o burburinho, o frenesi do empurra-empurra entre governos, com o federal culpando o estadual e vice-versa. Mas em razão da catástrofe que se anunciava, logo, logo (um dia depois) surgiram miraculosamente R$ 3 milhões dos cofres paulistas como aporte de emergência e a promessa da União em resolver a pendência acumulada de mais de R$ 300 milhões da Santa Casa, via BNDES.

Em termos proporcionais, o HSVP tem talvez até maior peso para o bom-jesuense que a Santa Casa para o paulistano, e por aqui também foi providenciado o balão de oxigênio sob a forma de repasses mensais da prefeitura para que pelo menos o Posto de Urgência não viesse a óbito (desculpem os trocadilhos). Mas voltar a ser o referencial de saúde do Vale do Itabapoana, o HSVP parece estar longe de sequer acalentar o sonho!

Governos só se mexem por vontade política deliberada ou pressão da sociedade. No caso da Saúde e tantos mais, obviamente falta a vontade. Então, o que a sociedade tem de fazer é pressionar, e lamentavelmente não é o que acontece.

Um bom motivo para esquecer do Felipão e sua “família” vergonhosamente derrotada pela Alemanha e sair pelas ruas fazendo grande barulho, sem agravar a Lei: o SUS remunera com o incrível, fantástico, extraordinário valor de R$ 1,85 (para não haver dúvidas, vai por extenso: UM REALZINHO e oitenta e cinco centavos) um exame de glicose!

Que hospital pode funcionar desse jeito, mercê de uma tabela já por natureza bem abaixo dos custos dos procedimentos, ainda por cima defasada há mais de 10 anos? Daí a falência dos hospitais já existentes e o desestímulo à abertura de novos; equipes reduzidas e mal habilitadas; redução da qualidade dos serviços e mesmo sua inviabilização.

Hospitais especialmente de municípios pequenos se obrigam a desativar leitos, reduzir exames, restringir equipes de  médicos e outros profissionais de Saúde para poderem continuar a subsistir, tornando reduzida a oferta dos serviços de qualidade. Isso explica porque apenas casos de média complexidade são atendidos, por exemplo, em Bom Jesus, sobrecarregando os hospitais de cidades maiores que ainda não sucumbiram ao peso da desídia governamental, como por exemplo o São José do Avai, em Itaperuna.

Devemos botar o dedo na ferida, constatando infelizmente que o culpado da própria doença é o doente. Se este não negligenciasse a própria saúde, faria com que nunca houvesse falta de vontade política. E isso só acontecerá quando rejeitar veementemente uma arena esportiva de custos estratosféricos, exigindo em troca hospitais para si e os seus.


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado originalmente em julho/2014