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16 de jul. de 2013

Respondo a quem me acusa de denegrir minha cidade

Sobre dois posts que fiz sobre a falta de gaze nas unidades de saúde de Bom Jesus do Norte/ES, um internauta anônimo disse que o problema da saúde pública é nacional, e que eu deveria ressaltar mais as coisas positivas do lugar em que nasci e no qual vivo.

Esse intrépido leitor deve ter feito uma leitura superficial dos meus posts, não percebendo que inclusive ressaltei que a falta de gaze (aspecto superficial do câncer de carências) não é prerrogativa só de Bom Jesus.



Quanto a enaltecer as coisas positivas, aqui temos, como em todo lugar, fatos bons e ruins, feiura e beleza, atitudes louváveis e censuráveis, gente boa e gente má, gozo e dor, preto e branco, crente e ateu, redondo e quadrado, reto e curvo, perfume e catinga, duro e mole, etc.

Só mais uma coisa: o leitor não devia, penso eu, acomodar-se nos desvãos profanos da acomodação e resignar-se na generalidade, dobrando os joelhos para "isso é Brasil", "não tem jeito", "em todo lugar é assim", e coisa que o valha.

Não é necessariamente assim, não! Se Bom Jesus quisesse - ou melhor dizendo com todas as letras, se a administração pública tivesse vontade e disposição -, poderia ser apenas o único dos mais de 5.500 municípios brasileiros onde jamais faltaria gaze nos postos de saúde.

A propósito, eu redigi um texto (aqui) abordando justamente a questão da centralização do poder em Brasília, e que os prefeitos não são eleitos apenas para assinarem papeis de convênios e parcerias.

Assim é muito fácil. Ser muito bem remunerados apenas para servirem de ponte entre os recursos e as benfeitorias?

No caso em questão, por exemplo, por que esperarem sentados na sala refrigerada os recursos para a gaze, podendo levantar os traseiros e saírem em busca dos paninhos furadinhos baratinhos para rimar bonitinho?

Se houvesse vontade, comprometimento com o povo sofredor, garanto que surgiria uma equação para a busca de recursos alternativos!

Em tempo: O marketing político chega às raias do ridículo. Dia destes houve um evento aqui em Bom Jesus para as gestantes. No programa constou, entre outras atividades, COFFEE BREAK.

Pausa para o café, ou no caso, para o lanche, traduzindo. Até redigi um texto sobre tão fidalga nomenclatura a contrastar escandalosamente com a pobreza que nos assola.

Isso foi bolado certamente por um plutocrata habitante da Ilha da Fantasia brasiliense, rodeada de Brasil miserável por todos os lados.

Aqui as futuras parturientes desfrutam de coffee break mas não têm gaze para os curativos!


Autor: José Henrique Vaillant