27 de mai. de 2013
Oh!, cupido, vê se deixa em paz
Fernando Pessoa dizia: "O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente,/ que chega a fingir que é dor,/
a dor que deveras sente/.
Eu costumo fazer alguns arranjos de palavras rimadas. Produção caseira, para subsistência; uns bons, outros maus, manda dizer a autocrítica. Mas daí a me considerar um poeta, na plena acepção da palavra, a distância é grande.
Mesmo assim também tenho cá meus fingimentos. E quem não os tem?
Fiz um soneto intitulado Achar-te-ei, um lamento condoreiro sobre a busca utópica do amor. Uma leitora gostou tanto que me enviou um e-mail incentivando-me a continuar a busca (do amor), sem atentar que eventualmente, ao menos, a fantasia pode dissociar-se da realidade, mormente nas produções literárias.
O que seria de Vladimir Nabokov, por exemplo, se entendessem que ele gostava de meninas de 12 anos, tal como o seu personagem Humbert Humbert, magistralmente concebido no best-seller Lolita?
O porquê destes considerandos é a propósito de cupido, também conhecido como Amor. Era o deus equivalente em Roma ao deus grego Eros.
Filho de Vênus e de Marte, (o deus da guerra), andava sempre com seu arco, pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Teve um romance muito famoso com a princesa Psiquê, a deusa da alma.
O chargista Nani imaginou como seria cupido na Terceira Idade, banguela e já meio cegueta, sem pontaria. A flecha que deveria cravar-se no coração da moça, despertando nela o amor pelo "reclamante", atinge tudo, menos o alvo fundamental!
Já minha doce leitora me imagina, aos 59 anos de idade, serelepe, aos berros quiméricos, reclamando mentalmente a falta de pontaria de cupido!
Não carece reclamar, solidária leitora. Meu cupido não pode mais flechar ninguém simplesmente porque já mandei-o estudar a geologia dos campos-santos, he, he, he.
Autor: José Henrique Vaillant