A começar pelo nome, pode-se notar seu profundo amor por Bom Jesus, tanto por uma cidade quanto por outra, que seu enorme coração não delimita.
Ingênuo, otimista extremado, jamais ele duvida das boas intenções dos políticos da terrinha, e até briga quando alguém ousa questionar essa ou aquela atitude, esse ou aquele procedimento, tais e quais disposições de espírito.
Não posso afirmar categoricamente, mas a Passarela da Amizade, que une as duas Bom Jesus teve o dedo de Bonjesino.
Antes de inaugurarem a dita-cuja no ano da graça de Nosso Senhor de 2000, virada do milênio, ele vinha enchendo a paciência do então prefeito de Bom Jesus/RJ, Carlos Garcia, e da de Bom Jesus/ES, Daisy Batista, desde que assumiram a chefia executiva de seus respectivos municípios, em 1997.
Quero dizer, enchendo a paciência no bom sentido.
Carlos Garcia e Daisy Batista podem ter enjoado daquela conversinha malemolente de Bonjesino, carregada de otimismo e de fé nos seus dirigentes. Entre as muitas encheções de saco, uma vez saiu-se com esta:
- Sabe chefia, já estou todo arrepiado só de pensar na entrada triunfal de nossos dirigentes, cada qual do seu lado, encontrando-se no meio da passarela para aquele abraço fraterno em meio a fanfarra e fogos de artifício no dia da inauguração.
- Sabe chefia, já estou todo arrepiado só de pensar na entrada triunfal de nossos dirigentes, cada qual do seu lado, encontrando-se no meio da passarela para aquele abraço fraterno em meio a fanfarra e fogos de artifício no dia da inauguração.
Sei que isso vai ocorrer muito em breve porque conheço várias cidades, com necessidade semelhante, onde seus prefeitos disponibilizaram numa comovente união as obras que nem são tão caras, já que cimento e ferragem são materiais muito em conta - (fev/1999).
Olhem que Bonjesino me disse isso quando sequer a pedra fundamental da Passarela havia sido lançada.
Olhem que Bonjesino me disse isso quando sequer a pedra fundamental da Passarela havia sido lançada.
E não é que ele agora está com novidades mais arrojadas, com expectativas mais ambiciosas?
Há muito tempo não o via, mas hoje matamos a saudade.
- E aí, chefia, quanto tempo, né?
- Você sumiu, Bonjesino. Por onde tem andado?
- Fiquei na moita, chefia. Um longo tempo desfrutando tudo de bom que as nossas cidades de Bom Jesus têm proporcionado para nós.
- Tudo de bom?
- Não vejo nada errado. Esse povo é que gosta de reclamar.
- Tem razão, Bonjesino, isto aqui mais parece o Jardim do Éden.
- Não gostei da frase irônica, chefia.
- Desculpe. Jardim do Éden..., exagerei. Nem temos jardins...
- Você não tem mesmo jeito, chefia. Fica aí teclando, teclando, e só sai crítica.
- Fazer o quê, se moro em lugar diferente do seu...
- E aí, chefia, quanto tempo, né?
- Você sumiu, Bonjesino. Por onde tem andado?
- Fiquei na moita, chefia. Um longo tempo desfrutando tudo de bom que as nossas cidades de Bom Jesus têm proporcionado para nós.
- Tudo de bom?
- Não vejo nada errado. Esse povo é que gosta de reclamar.
- Tem razão, Bonjesino, isto aqui mais parece o Jardim do Éden.
- Não gostei da frase irônica, chefia.
- Desculpe. Jardim do Éden..., exagerei. Nem temos jardins...
- Você não tem mesmo jeito, chefia. Fica aí teclando, teclando, e só sai crítica.
- Fazer o quê, se moro em lugar diferente do seu...
- Você é um caso perdido. Vai dizer até que não sabe que nossos prefeitos estão deveras preocupados com o trânsito em nossas cidades?
- Não diga, Bonjesino. É mesmo?
- Garanto.
- Mas rapaz, isso é uma ótima notícia. Enfim deram-se conta de que mais um pouco e o trânsito dá um nó completo, principalmente quando fecham ruas para alguma coisa, quando a ponte velha fica parecendo uma sorumbática miniatura da Rio-Niterói em véspera de feriado prolongado?
- Mais, chefia. Vão construir uma terceira ponte.
- Jura?
- Ligando o Bairro São João, no ES, ao Pimentel Marques, no RJ, completou.
- Que notícia auspiciosa, Bonjesino. Já não era sem tempo. Vai ser mel na sopa. Sérios problemas viários solucionados a um só tempo!
- Lembra da Passarela? Eu não disse que nossas autoridades eram competentes, sensíveis e convergentes àquela necessidade recíproca? Batata!
- Não diga, Bonjesino. É mesmo?
- Garanto.
- Mas rapaz, isso é uma ótima notícia. Enfim deram-se conta de que mais um pouco e o trânsito dá um nó completo, principalmente quando fecham ruas para alguma coisa, quando a ponte velha fica parecendo uma sorumbática miniatura da Rio-Niterói em véspera de feriado prolongado?
- Mais, chefia. Vão construir uma terceira ponte.
- Jura?
- Ligando o Bairro São João, no ES, ao Pimentel Marques, no RJ, completou.
- Que notícia auspiciosa, Bonjesino. Já não era sem tempo. Vai ser mel na sopa. Sérios problemas viários solucionados a um só tempo!
- Lembra da Passarela? Eu não disse que nossas autoridades eram competentes, sensíveis e convergentes àquela necessidade recíproca? Batata!
- Agora é a ponte, chefia. Olhe pros meus braços.
- Arrepiados de novo, Bonjesino?
- Emoção pura. Igualzinho da outra vez. Veja aqui a cena, chefia.
- Aqui, onde?
- Nos meus olhos.
Que cena deslumbrante, deixem-me descrevê-la!
Havia muita gente, de ambos os lados. Fogos pipocavam.
Com aquele porte solene característico, o prefeito de Bom Jesus/ES Dr. Adson encaminha-se com sua comitiva em direção ao lado fluminense.
Em sentido oposto vem a prefeita Branca Motta, também acompanhada de sua entourage.
Fortes abraços e apertos de inúmeras mãos inspiram-se no brilhante resultado do esforço hercúleo das duas prefeituras em resolverem os problemas iguais.
Depois a câmera volta-se para outras cenas.
Ruas de ambas as cidades sem buracos, pavimentadas, sinalizadas, ajardinadas. Coisa de primeiro mundo!
- E aí, chefia?, acordou-me o ciclope.
- Gostei, rapaz. Muito legal. Quando será?
- Breve. Muito em breve. Até os vereadores das duas cidades se engajaram nesse projeto. Estão dando a maior força. Pensa que eles ficam lá nas suas câmaras só dando votos de pesar, condecorações e escolhendo nomes de ruas? Na, na, ni, na, não. Trabalham pra valer, chefia!
- Sei... Chegaram ao ponto de se unirem para soluções de problemas comuns?
-Pode crer, chefia. E vai logo preparando um texto para publicar depois da inauguração. Vê se elogia pelo menos uma vezinha...
- No inferno ou no purgatório tem computador, Bonjesino?
- Fez bem em esquecer do céu, chefia. Você não tem mesmo vez na Casa do Senhor. Passar bem.
- E aí, chefia?, acordou-me o ciclope.
- Gostei, rapaz. Muito legal. Quando será?
- Breve. Muito em breve. Até os vereadores das duas cidades se engajaram nesse projeto. Estão dando a maior força. Pensa que eles ficam lá nas suas câmaras só dando votos de pesar, condecorações e escolhendo nomes de ruas? Na, na, ni, na, não. Trabalham pra valer, chefia!
- Sei... Chegaram ao ponto de se unirem para soluções de problemas comuns?
-Pode crer, chefia. E vai logo preparando um texto para publicar depois da inauguração. Vê se elogia pelo menos uma vezinha...
- No inferno ou no purgatório tem computador, Bonjesino?
- Fez bem em esquecer do céu, chefia. Você não tem mesmo vez na Casa do Senhor. Passar bem.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/2010