Umberto Messias (acima) e Tadeu Batista |
O modelo político de Bom Jesus do Norte é um pequeno retrato em 3 x 4 da barafunda que assola a questão em todo o Brasil, onde os políticos de forma geral perderam a noção de partidarismo e convicções ideológicas.
Aqui, como em todo lugar, é um salve-se-quem-puder individual generalizado, com a luta pelo poder se desenvolvendo à margem de programas comuns partidários, até porque os partidos deixaram de existir há muito tempo como agremiações catalisadoras de ideais para se transformarem em meros e burocráticos intermediários entre as urnas e os cargos públicos.
Como em quase todos os pequenos municípios, a política daqui é polarizada em apenas dois grupos: Messias (leia-se Umberto Messias) x Baptista (Tadeu Baptista).
Como em quase todos os pequenos municípios, a política daqui é polarizada em apenas dois grupos: Messias (leia-se Umberto Messias) x Baptista (Tadeu Baptista).
Quem obtiver a anuência de ambos terá tido meio caminho andado para se eleger prefeito ou garantir uma cadeira na câmara municipal.
Foi assim quando Umberto e Tadeu (eles próprios) se elegeram ou catapultaram irmão e esposa, respectivamente, à vitória.
Alternativas para mudanças estruturais que revertam esse quadro há, assim como material humano de boa qualidade para implementá-lo.
No entanto, os que têm essa possibilidade ainda não perceberam a necessidade de uma mudança conceitual no modo como deveriam encarar a empreitada, unindo-se para formatar uma terceira via com um programa correto, consistente e verossímil, aliado a uma fidelidade de princípios partidários sérios e duradouros.
Em vez disso procuram a forma mais fácil - e menos meritória - , gravitando na órbita dos dois astros-rei.
As eleições do próximo ano, dado o atual conjunto circunstancial, parecem favoráveis à situação.
As eleições do próximo ano, dado o atual conjunto circunstancial, parecem favoráveis à situação.
Não bastasse, ao que tudo indica, ter sido aprovada como administradora, Daisy Batista tem ainda a favor a condição de mulher - como contraponto à atmosfera pesada que sempre prevaleceu no “clube do bolinha”-, parece que Messias não projeta grandes apostas em ninguém.
Talvez forçado a manter uma postura de neutralidade por exercer o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (seria difícil demonstrar imparcialidade na apreciação das contas de um escolhido), o certo é que ele tem se mantido muito à parte, numa discrição quase franciscana.
Como a política é institucionalmente dinâmica (no Brasil, aliás, exageradamente), e ainda não esquentou para valer, tudo é possível.
Como a política é institucionalmente dinâmica (no Brasil, aliás, exageradamente), e ainda não esquentou para valer, tudo é possível.
Nada, porém, que não passe necessariamente em primeira instância pelo crivo de Tadeu e Messias.
Quem quiser se habilitar a caminhar independente em 2004, que comece a pavimentar o seu caminho desde já.
O maior pecado em qualquer atividade é a falta de planejamento, a improvisação ao sabor das circunstâncias.
Ganhar por um projeto bem elaborado que acene com novas propostas, detonando o marasmo, é mais prazeroso para o eleito e costuma fornecer uma melhor contrapartida para a sociedade.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em setembro/1999