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22 de abr. de 2013

Adeus às ilusões?

Até que se prove o contrário, o presidente Lula é um homem direito, que pode estar com as mãos limpas em todos esses episódios que envergonham o Brasil e os brasileiros.

Mãos limpas, porém, são uma coisa; irresponsabilidade, outra. Esta parece que não lhe será fácil excluir de
sua biografia.



O presidente se meteu numa encruzilhada difícil, na circunstância de, se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come.


Se ele realmente sabia das maracutaias e não tomou nenhuma providência além de estancar a sangria de dinheiro público usado para a mesada dos deputados, cometeu crime de responsabilidade.

Afinal, a autoridade máxima do país teria de ser a primeira a abrir as portas das grades para os ladrões.

Se não sabia, fica caracterizado que na realidade ele não
governa, por inaptidão ou desleixo, deixando o encargo para gente periculosa.
A traição dessa gente não o absolve perante o povo, que investiu suas últimas esperanças não em Jefferson, Dirceu,
Delúbio, mas em Luis Inácio Lula da Silva.





Estamos vivenciando no Brasil hoje o paroxismo da hipocrisia.



Quem acredita em duendes tem a percepção que vereadores, prefeitos, congressistas, estão de fato trabalhando em favor do país e do seu povo.

Claro que não se pode generalizar, existem as exceções, mas parece ofuscantemente claro que estas são as minorias que,  por mais eloquentemente indignadas ficam com as vozes abafadas pela algaravia do submundo e dos porões infectos da bandalheira. 


E o presidente Lula, que não tem nada de ingênuo, precisa
explicar o porquê submerge sob as águas do pântano coalhado de sáurios gigantescos e lagartos venenosos,
inteiramente desarmado. 

E mais ainda: sobre o porquê não ter movido uma palha para as mudanças acenadas, que na parolagem presidencial
mudariam esse estado de coisas.

Ainda que desgastada, e já de gosto duvidoso, a figura de retórica “a esperança venceu o medo” precisa ser
lembrada para configurar o tamanho gigantesco da traição ao povo, que vai se delineando de forma brutal, estarrecedora!

É angustiante pensar que os coturnos possam estar sendo carinhosamente lustrados e os generais, almirantes e brigadeiros vivendo o frenesi da nem tão remota possibilidade de retorno ao cenário, legitimados pela pergunta que não quer calar: 

Quem vai investigar quem?

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/2005