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22 de abr. de 2013

Ignácio e a oposição

José Ignácio Ferreira
E indiscutível que a imagem do governador José Ignácio Ferreira ficou comprometida, e muito, com as denúncias e as evidências de que há corrupção no governo do Espírito Santo. 


Isso muda completamente o cenário para as eleições do ano que vem porque fortalece uma oposição que, a despeito de contar com nomes do vulto de um Paulo Hartung, de um João Paulo Velloso Lucas, de um Theodorico de Assis Ferraço e outros não menos relevantes, era considerada dispersa e sem grandes possibilidades de aglutinação e harmonia. 

Ficou, portanto, como grande trunfo dessa corrente não uma convergência de cunho ideológico - como seria ideal -, mas a conquista de uma importante via de acesso ao poder, tomada de forma estabanada unicamente pelas denúncias, passando ao largo de um debate amplo e consistente sobre matérias programáticas.

Esse é o ponto nevrálgico da coisa. É esse o maior pecado das oposições. Não que as denúncias não devam ser feitas e levadas ao último termo de desenlace.


Elas obrigatoriamente têm de ser difundidas, apuradas com rigor, e se for o caso produzir punições exemplares.

Só que elas aparecem de forma acintosamente eleitoreiras, numa abordagem sensacionalista e não dissimulada de princípios persecutórios do poder a qualquer custo, fato que diminui a credibilidade do algoz e minimiza os efeitos bombásticos da catilinária.

No caso do Governo do Espírito Santo, as acusações são graves, consistentes, mas nada ficou comprovado ainda contra o governador José Ignácio, propriamente, tal como tem acontecido inclusive com o presidente FHC em vários casos ao longo dos seus dois mandatos. 

Ignácio garante com isso uma boa reserva de oxigênio e poderá até restabelecer suas forças, providência que já iniciou, destituindo o primeiro escalão que estava na berlinda e integrando-se mais ao Legislativo, ao qual passou a depender como ao ar que respira. 

Se essa união política possibilitar casamento, então as forças oposicionistas terão forçosamente de enfrentar um adversário ainda grogue mas com grande poder de fogo pela imagem que construiu de um político moderno e eficiente, reconhecido por resgatar as finanças do estado e implementar reformas de base importantes. 

Por ironia, esse poder pode até mesmo ser reforçado pelo titubeio da oposição em agregar nomes de consenso, porque é grande o número de pretendentes em suas hostes.

No tabuleiro da política estadual, fica no momento uma impressão de largo favoritismo para os antagônicos, mas a exemplo do futebol, o jogo só acaba quando o árbitro dá o apito final. 

E se José Ignácio for um estrategista do naipe do ex-treinador Oto Glória (1917 - 1986) como exemplo, ele consegue reverter o placar, na pior das hipóteses dando muito trabalho ao adversário.

Dessa briga pode emergir o desagravo em forma de desenvolvimento para o Estado e mais transparência nos atos administrativos para o capixaba.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/2001