Da República Velha, da era Getuliana até a República dos generais, do Estado Novo, do Brasil de Tancredo, Sarney, Ulysses, Collor, Itamar e agora do nosso bem intencionado FHC, temos acompanhado o crucial problema da terra no Brasil.
Discute-se muito este assunto em épocas de eleições, diria até que de forma casuística e eleitoreira.
Nestes períodos todos os políticos, (inclusive os da UDR e os que representam os donos de propriedades improdutivas, imobilizadas para efeito especulativo, ou mesmo de proprietários desinteressados por estarem envolvidos em outros negócios) se dizem dispostos a equacionar o grave problema.
Passadas as eleições, entretanto, o assunto vira letra morta.
No atual governo, felizmente, vislumbra-se, mesmo que tenuemente e a passos de cágado, alguma coisa parecida com uma política coerente de assentamentos.
No atual governo, felizmente, vislumbra-se, mesmo que tenuemente e a passos de cágado, alguma coisa parecida com uma política coerente de assentamentos.
Dirá o leitor que é pelo fato de que o atual governo é generoso, tem compromissos com as turbas esfaimadas, com os indigentes e miseráveis das cidades.
Ledo engano. É que já não dá mais para segurar, não dá mais para ignorar a modesta, porém eficiente, organização dos sem terra, que quando apartada dos oportunistas que se aproveitam do grupo para fazerem política rasteira, legitima-se pelos objetivos.
Não dá para passar despercebida a mídia veiculando verdadeiros exércitos de miseráveis à procura de um lugar onde possam viver com dignidade e através do suor do seu trabalho, quase sempre ocupando terras improdutivas, muitas das quais sendo meramente objeto de especulação ou apenas satisfazendo a sanha egoísta dos seus proprietários capitalistas.
O povo não pode continuar a conviver com a tremenda injustiça social que o assola, (dos filhos deste solo, és mãe gentil), com o governo privilegiando banqueiros falidos, usineiros desonestos e políticos profissionais especializados em fisiologismos, casuísmos e adeptos da velha máxima do “é dando que se recebe”, em detrimento das massas famintas e desesperadas.
O povo não pode continuar a conviver com a tremenda injustiça social que o assola, (dos filhos deste solo, és mãe gentil), com o governo privilegiando banqueiros falidos, usineiros desonestos e políticos profissionais especializados em fisiologismos, casuísmos e adeptos da velha máxima do “é dando que se recebe”, em detrimento das massas famintas e desesperadas.
Para se ter uma ideia da calamidade social em que nosso país se encontra, dos 270 países que compõe o Planeta, o Brasil encontra-se entre os últimos colocados entre aqueles com as melhores distribuições da renda nacional.
Enquanto 10% dos abastados, com suas bochechas coradas e suas contas bancárias, aqui e no exterior, abarrotadas de dinheiro abocanham 90% da riqueza, 90% dos marginalizados que não foram bafejados pela sorte ou não tiveram vocação para a verdadeira pilhagem sofrida pela nação sobrevivem, raquíticos, Deus sabe como, com os 10% da migalha restante.
Pelas contas oficiais de Brasília, o índice de desemprego está na casa dos 6%. Ora, mesmo que tenhamos muito boa vontade em acreditar neste número, os desempregados chegam à astronômica cifra de 3,6 milhões de pessoas, o que equivale a 12 maracanãs lotados.
Enquanto isso, na corte... Tudo vai indo muito bem, obrigado.
Enquanto isso, na corte... Tudo vai indo muito bem, obrigado.
Exceto apenas pela desagradável tarefa de girar um pouquinho a manivela da válvula de escape, nossos dignos “representantes” levam a vida que pediram a Deus.
Mas sejamos justos. Tudo tem que ter um começo, e FHC deu o pontapé inicial em alguns projetos sociais, inclusive no projeto dos assentamentos.
Algumas pessoas despossuídas já estão vendo seus horizontes toscamente delineados.
Para os operadores da válvula de escape, contudo, ainda resta muito trabalho, pois o Brasil não é composto somente por sem terra, abrigando também em seu seio os sem emprego, os sem casa, os sem saúde, os sem ensino, os sem segurança, os sem...
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/1999
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/1999