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16 de abr. de 2013

Mulher bom-jesuense cai no golpe do bilhete premiado

Quando a dona de casa E.S.L. se dirigia ao banco no dia 1/12/04 para sacar sua pensão e o 13º salário, uma mulher negra, aparentando simplicidade exagerada e completa ignorância a abordou nas proximidades do Hospital São Vicente de Paulo, citando o nome de um homem bastante conhecido nas redondezas, perguntando a E.S.L. se o conhecia. 


A estelionatária disse que este homem a teria informado que ela havia sido premiada com cerca de R$ 20 mil num bilhete de loteria, ao mesmo tempo em que tirava da bolsa um falso bilhete e mostrava para a vítima.

"É este aqui, oh. Ele disse que ganhei tudo isso, mas era para eu procurá-lo que ele vai me levar no banco porque eu não sei como receber", afirmou a meliante.

Antes que E.S.L. pudesse responder, uma outra mulher, de cor clara (a comparsa, que disse morar num prédio novo próximo à residência da vítima), passou rente às duas, imediatamente abordada pela negra:


"Você não conhece fulano de tal?" 

E contou para a cúmplice a mesma história forjada, acenando o bilhete. Esta, representando um papel de pessoa mais esclarecida, pegou o bilhete, e após uma rápida olhada simulou enorme surpresa:


"Mas a senhora não ganhou apenas R$ 20 mil! A senhora ganhou quase R$ 1 milhão! Esse homem está querendo enganá-la. Ele vai no banco, saca toda essa bolada e só vai 
dar R$ 20 mil para a senhora!"

Garantia exigida

Sempre lamentando a inocência, a falta de malícia, E.S.L. contou que, a seguir, foi envolvida completamente numa conspiração digna de um filme.
"Elas eram muito convincentes. Perguntaram o que eu ia fazer; eu disse que ia no banco sacar um dinheiro. 

A mulher de cor clara me perguntou então se eu podia, juntamente com ela, ajudar a negra.

Eu respondi que sim, era uma questão de solidariedade. Então ela disse para eu sacar o meu dinheiro, que elas me esperariam."

"Tudo bem, já volto. Quando voltei, a mulher mais esclarecida pediu para ver meu comprovante. Depois de olhar, ela disse que eu tinha mais R$ 500 para receber. 

Eu não sabia. E não é que tinha mesmo? 

Voltei ao banco e realmente saquei mais R$ 500, que era esse empréstimo para os aposentados, eu não sabia que tinha direito a ele. 

Quando voltei novamente, ela me pediu o dinheiro para contar, saber se estava tudo certo. 

Dei-lhe a carteira, ela contou, mas sem que eu percebesse o dinheiro havia sido transferido para sua bolsa. 

Ela me devolveu a carteira dizendo que estava tudo certo. Eu peguei a carteira e coloquei na minha bolsa. 

Aí, a  esclarecida me perguntou se eu não podia oferecer uma pequena garantia para a negra, conquistar-lhe a confiança, afinal era uma quantia muito elevada que íamos sacar para ela, se eu não possuía alguma jóia. 

Eu disse que sim, tinha algumas jóias em casa, ia buscá-las.

Mostrei as jóias, numa sacola. Ela olhou e me devolveu asacola, mas já não era a minha, percebi só depois.Nesse momento, a de cor clara disse que ia em casa rapidinho, dar um lanche para a ´coitadinha´, queaparentava fraqueza. 

Eu, que estava com o que pensava ser a ´minha´ sacola de jóias e o ´meu´ dinheiro, nem desconfiei.
Como se passou muito tempo sem que elas voltassem (já eram 17h), fui para casa. 

Ao abrir a sacola para guardar minhas jóias, tudo o que encontrei foi uma pilha amassada e um bloco de rascunho. 

Quase desfaleci. Ao olhar a carteira, outro choque: nãotinha um centavo dos mais de R$ 1 mil que recebi", relatou  E.S.L., ainda transtornada.

Demonstrando grande abalo emocional, E.S.L. mal conseguiu
conter as lágrimas: “as jóias eram uma pulseira, um cordão, uma aliança e um anel, todas de ouro maciço, presenteadashá muitíssimos anos pelo meu marido, numa época em que agente as comprava de um ourives conhecido, que vendia de casa em casa. 

As guardava como recordação, tinham um valor sentimental muito grande. Eu nem saía com elas por medo de acontecer alguma coisa.

Duas vigaristas levaram-nas assim tão facilmente”, lamentou a dona-de-casa, avaliando o prejuízo total em
aproximadamente R$ 6 mil.

A vítima ainda procurou o prédio novo que a ladra mencionou, mas lá chegando foi informada de que não
havia tal pessoa. 

Ela então registrou queixa na Polícia, mas sem muitasesperanças de recuperar os bens.

PS. Esta é, em síntese, a versão da vítima. Detalhes menos relevantes foram suprimidos.E.S.L., mesmo constrangida, abalada, aceitou falar sobre o assunto (exigindo apenas que ocultasse sua identidade) para que o exemplo sirva de alerta.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em janeiro/2005