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16 de abr. de 2013

Dramática a situação dos moradores do Loteamento Aidê Lobo Junger, em São José do Calçado/ES

Bronquite: Maria Lúcia acha que Jéssica tem 
problemas de  bronquite devido a poeira de cimento.
"Muitas crianças daqui sofrem do mesmo 
problema da minha filha", comentou
Angústia e apreensão são palavras que expressam a situação dos moradores do Loteamento Aidê Lobo Junger, conjunto de casas populares de projeto Federal iniciado no governo do ex-presidente FHC, cujos recursos para sua complementação foram bloqueados pelo atual governo. 

A comunidade do loteamento é composta basicamente de “invasores legais”, isto é, pessoas que embora cadastradas na prefeitura para receberem legalmente suas casas, tomaram-nas antecipadamente mesmo com as obras inacabadas. 


Além dos que invadiram “na marra”, outras famílias garantiram algumas unidades de forma consensual, mas a improvisação e a falta de estrutura são comuns a todas. 

A maioria dos moradores é procedente da parte de baixo do bairro Vala porque residia em área condenada pela Defesa Civil.


Transtornos
Os problemas da comunidade são muitos. 

A precária estrutura das casas, pequenos retângulos construídos com blocos de cimento, sem colunas ou vigas de sustentação, parece oferecer riscos porque, além de se constituírem habitações erguidas de forma a mais econômica possível, a falta do acabamento os potencializa. 

Nenhuma casa conta sequer com emboço, um acabamento básico que fortalece a estrutura. 

As coberturas com telhas de amianto são o grande terror dos moradores porque venta muito no bairro, localizado em parte alta. 

“Aqui, quando venta, o telhado balança, chega a estufar.
Muitos moradores perderam algumas telhas de suas casas, a gente vive num medo constante”, disse Luzimar da Silva, 23, que mora com o marido e três filhos no loteamento.

Bronquite e carrapatos
Vários moradores reclamam também do piso de suas casas.

Todas foram disponibilizadas apenas com contra-piso, feito de cimento e areia para receber o revestimento final, no caso específico, cimento liso. 

José Ferreira Martins, outro morador, diz que quando as pessoas varrem suas casas, a areia da composição do piso vai junta. “Parece que usaram pouco cimento”, constata.

Maria Lúcia Ribeiro, sua vizinha, diz que o seu piso vem causando problemas de saúde na filha Jéssica, 8, que assim como várias crianças do bairro sofre de bronquite. 

“Levei a Jéssica no pronto-socorro porque ela estava com uma crise forte. O Dr. Alcir disse que pode ser por causa da poeira de cimento do piso”, contou Maria Lúcia, acrescentando que outras crianças do loteamento têm o mesmo problema de sua filha. 

“Muitas precisam fazer nebulização constantemente”, diz.

Maria da Penha Silva, outra moradora, foi incisiva: “Nosso lugar está abandonado, ninguém liga para nós. Nem latão de lixo temos aqui. Carrapato, nunca vi tanto”, declarou, informando que até o temido carrapato-estrela (transmissor da letal febre maculosa) ela já encontrou.

A fossa sanitária é outro problema que começa a preocupar.

Certamente construída em caráter provisório, ao se aproximar dela pode-se perceber umidade na superfície, indício de iminente transbordamento. 

O mau cheiro, que por enquanto só é sentido nas imediações, poderá vir a ser mais um transtorno, mais uma dor de cabeça para os moradores.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em dezembro/2004