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6 de abr. de 2013

Luiz Estêvão vive

Um dos filmes de terror de grande sucesso, "A Hora do Pesadelo", que teve varias continuações (se não me engano 9 ou 10), tinha como personagem central de seu enredo sinistro o Fred Krueger, um personagem que brutalizava impiedosamente suas vítimas e era quase que indestrutível.

Nas tramas inspiradas pelo mais macabro espírito criador, a horripilante criatura ressurgia do inferno, para onde era mandada sempre a duras penas por mocinhos e mocinhas (nunca antes de trucidar dezenas de pessoas) para voltar ao seu horrendo labor com redobrada disposição.


Luiz Estêvão é uma espécie de Fred Krueger para os brasileiros. Ainda que esquartejado e sepultado, é um
osso duro de roer. 

A maldição que acompanha os seres maquiavélicos costuma permanecer fazendo vítimas enquanto a carne apodrece embaixo de sete palmos e meio.


É o caso dele. Seu espectro ronda importantes gabinetes de Brasília, belisca o pé dos vivos, faz estragos morais impressionantes, deixando sua alma leve pela concretização  de engenhosa vindita.

Ou o que está acontecendo na mais nobre instituição do país não parece coisa de fantasmas, daqueles que arrepiariam até o padre Karras, em "O exorcista"?

Nem é necessário regredir-se até a época em que sua 
excelência era uma espécie de eminência parda na Republica, inclusive na dos generais, homem impoluto, figura quase que etérea no reino, que há dois, três meses, o ciclope Antônio Carlos Magalhães, 0 ACM, vulgo Toninho Malvadeza, estaria sentado na cadeira mundana dos simples mortais, subjugado a um dos mais constrangedores mecanis
mos policiais, que é a vergonhosa acareação? 

Ou que José Roberto Arruda, político respeitado, que faria do governo regional da capital o trampolim para 0 Palácio do Planalto, estivesse igualmente na berlinda como um reles mentiroso, um violador de painéis, e por extensão, dadignidade da corte?

Sujeito inteligente, e sortudo esse Estêvão! 

Fez fortuna com os cofres públicos, angariou notoriedade, goza a vida como um nababo e até se dá ao luxo da desforra, de escarnecer com o riso das hienas daqueles que mais queriam, mais trabalharam e mais tiveram o prestígio e a credibilidade, entre aspas, de exigir sua cabeça!

Só falta ele se levantar triunfalmente do túmulo político, invocar a condescendência de nobres juízes e retornar em triunfo ao cenário, não como uma alma penada que vai se tornando o maior pesadelo de eminentes figuras públicas, mas em carne e osso a se valer de engenhosos advogados, e das firulas jurídicas, exigir e obter de volta o seu lugar.

Vade retro!

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/2001