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3 de abr. de 2013

Conselhos de notáveis

Haverá de existir um sistema político que funcionará através de Conselhos de Notáveis em níveis municipal, estadual e federal.

Definirão-se os critérios de quantidade e da forma como isto funcionará, e o basilar do sistema será poucos componentes a comporem os conselhos, mas que sejam as mentes mais brilhantes e os caráteres mais íntegros.



Não custa sonhar que o Brasil não mais terá prefeitos, vereadores, deputados, senadores, presidentes, congresso, jetons, imunidade, pilantragem, maracutaia, sinecura, falcatruas, nepotismo, malversação, grampos, sujeira, insegurança, hipocrisia, fome, seca, deseducação, etc., etc., etc., senão o espaço acaba!



É claro (e isso deve ser ressaltado com todas as letras) que existem os que fazem da atividade política sua profissão de fé num Brasil próspero, moderno e justo. Mas estes travam batalhas inglórias contra uma ordem estabelecida na qual são impotentes de lograr revertê-la.


Em Alagoas, “a Assembléia Legislativa vai gastar R$ 160 mil para deixar os 27 deputados estaduais alagoanos bem vestidos, perfumados e na moda. 

A presidente da casa, Ziane Costa (PMDB) autorizou o depósito de R$ 5,9 mil para compra de roupas e acessórios para cada um dos 27 deputados que não terão de prestar contas da verba. 

Além dos R$ 5,9 mil para as roupas, os parlamentares vão receber R$ 78 mil para o pagamento de assessores e custeio de gabinete. Cada parlamentar pode ter até 30 assessores. 

O custo total no primeiro mês de trabalho será de R$ 8,1 milhões”. Jornal do Brasil, 4/3/99.

Em Pernambuco, “irresponsáveis políticos desviaram para seus próprios bolsos até as cestas básicas que o governo e o povo brasileiro mandaram para que os miseráveis não morram de fome. 


É a própria indústria da seca no seu mais chocante grau de perversidade. (...) Roubar, para eles, é um direito político que lhes foi conferido pelo próprio voto dos miseráveis roubados, é uma questão de cultura transmitida de pai para filho desde os invasores que levavam nosso ouro para seus países (...)”. O Globo, 28/12/98.

Em Jaboatão dos Guararapes-PE, “o prefeito do município deve ser o recordista do nepotismo. Empregou a mulher, os 10 filhos, 24 sobrinhos, 4 genros, 3 cunhados, 2 irmãos, 1 neto e mais outros 3 parentes, num total de 48”. O Globo, 15/12/98.

No congresso havia, no fim de 1998, 131 denúncias, inquéritos, queixas e ações penais contra parlamentares. 


Só se recorda da cassação de Sérgio Naya (parece que consideraram grave o crime de ter construído um prédio com material de última categoria e matado algumas pessoas, além de ter deixado centenas ao desabrigo). 

Um ou outro “boi de piranha” muito eventualmente também é sacrificado, mesmo assim se for pego em gravíssimo flagrante delito.

O corporativismo na casa é algo absurdo e até surreal. A desmoralização atinge tal ápice através de um código penal primitivo e benevolente em suas filigranas jurídicas, que Hildebrando Pascoal assumiu sua cadeira no congresso com 101 inquéritos na Polícia Federal e acusado de ser o líder de um grupo de extermínio no Acre, com mais de 30 mortes imputadas. 

Talvane Albuquerque, seriíssimo suspeito de ser o mandante do assassinato da Deputada Ceci Cunha para ficar com sua vaga, também assumiu.

Figuras desse naipe também são os legítimos representantes dos interesses dos brasileiros e arquitetos do futuro da Nação!

O sonho dos conselhos não faz sentido?

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em junho/1999