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9 de abr. de 2013

"Ainda está vivo e procriando, o ventre de onde isto veio rastejando" - Bertold Brecht

A safadeza explícita com a certeza da impunidade, que culmina com a fome, a incerteza e a desesperança para milhões de almas tem extrapolado todos os limites. 

Rogar a maldição é o pouco que resta num país onde a decência na política está definitivamente morta e sepultada, resguardadas as poucas e honrosas exceções.

Então, às favas os preceitos que excluem a grossa adjetivação num texto elegante. Este não, violão!   

Ladrões, canalhas, corruptos, salafrários, torpes infanticidas, capazes de matar pai e mãe para entrar na festa dos órfãos. 



Torquemada, Hitler, Napoleão, Nero, Idi Amin, todos juntos com o reforço do canibal Bokassa formariam uma confraria de anjinhos de asas douradas perto de suas asquerosas figuras. 

Vocês personalizam o cancro brasileiro, metastaseado até o tutano dos ossos dos dedos mindinhos de nossos pés. 

Vocês, todos vocês que de alguma forma se nutrem do sangue contaminado pela endemia da injustiça social e banqueteiam-se do líquido medular dos combalidos brasileiros, com o tremor febril do frenesi tal e qual o Conde Drácula com os caninos profundamente penetrados num pescoço virginal, hão de conhecer o pavor da vindita coletiva quando esta emergir dos subterrâneos da amargura, da dor e da tristeza.

A podridão está escancarada. Malditos sejam os corruptos, que nada deixam sobrar no imenso cofre, nem para o remédio dos velhos ou a merenda das crianças. 

Malditos, mil vezes malditos pelo seu caviar ser brutalmente arrancado das entranhas dos semelhantes e por suas finas bebidas degustadas em copos do mais puro cristal terem na composição as lágrimas dramáticas do mar de choro convulsivo dos bebês sem leite. 

Que todos vocês (isso ardentemente lhes desejo) purguem seus crimes hediondos na terra devastada da besta em liberdade e da meretriz no trono!

Dedico esta sincera e singela homenagem a todos os corruptos deste imenso Brasil. Foi só o que conseguiu ditar minha entorpecida indignação ao assistir pela TV ao festival de baixeza moral e insanidade flagrados pelas câmeras da Globo em São Gonçalo/RJ. 

Fico imaginando o tamanho da roubalheira num país que tem mais de 5500 municípios, e a complexidade que é a montagem de uma operação de flagra como aquela.

Por muito menos a corja pereceria num paredón em Cuba ou receberia um tiro na nuca em território chinês, com os familiares pagando a conta pelos projéteis utilizados na solução final da infâmia. 

Aqui..., bem, aqui, numa analogia ao programa do Silvio Santos, os crápulas pedem ajuda aos universitários do Direito, que nunca têm a menor dificuldade em fornecer-lhes o salvo-conduto. 

Este, impresso pelas firulas jurídicas com a tinta pútrida extraída do tumor maligno da im(p)unidade, é normalmente adornado com a terna e meiga chancela de um Código Penal anacrônico, serelepe em trancafiar ladrões de galinhas mas extremamente condescendente com os que assaltam os cofres públicos.

Ô raça!


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/2002