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18 de mar. de 2013

Sem arcanjo e sem trombetas "...prevejo dias com o ventre da Terra à mostra, céu sem sol, chuva de bosta..." - Zé Ramalho

É mundialmente corrente a voz de que a Terra, quando destruída, terá sido num átimo, com o toque de dedos em dois ou três botões.

Para quase 7.000 pessoas que conheceram o pavor nas torres do World Trade Center, número este de aterrorizados que se pode elevar à quarta ou à quinta potências a se considerar filhos, esposas e maridos, pais, demais familiares e amigos das vítimas, que igualmente viram fenecer a vida no que ela tem de melhor (que é a alegria de viver), os toques dos dedos teriam sido melhor. 



Sete mil pessoas, seus ascendentes e descendentes, grosso modo a população inteira de Bom Jesus do Norte, de forma direta, e bilhões de seres pensantes sensíveis que ainda reservam espaço para a piedade nos corações e nas almas, viveram um pesadelo que seguramente mudará o curso de suas vidas.


O que se pode tirar de útil dessa carnificina, dessa comoção interplanetária?



De que serviu o sacrifício dos mártires do WTC e o de nossas consciências machucadas, atordoadas, da nódoa que se perenizará na história da vida humana na Terra por todos os séculos e séculos sem amém? 

Para os americanos e simpatizantes, nem mesmo o sabor da desforra, porque esta não subtrairá grande coisa de um inimigo que faz da própria morte a razão de viver. 

Por ironia, é provável até que a fanática teocracia da qual Osama Bin Laden é um de seus expoentes máximos tenha planificado esse desfecho final como a apoteose de seus planos, no qual os atentados não encerraram em si o objetivo maior, que seria o expurgo de existências atormentadas num sistema econômico e social ditado pelo que consideram como o Grande Satã. 


E essa espécie de solução final pode ter sido engenhosamente planejada para ser executada às expensas do próprio adversário cego de cólera e sedento de sangue, que moverá as peças do intrincado jogo exatamente na direção de seus objetivos.


Se essa hipótese é verossímil porque pode ter tido a iniciativa de quem desmistifica a morte e torna sem sentido as palavras imprevisível e imponderável - nada mais será -, então por que fazer o seu jogo? 


Por que não mobilizar tamanho esforço e recursos para desfazer justamente as diferenças que levam a essas reações tresloucadas, na tentativa de restaurar o prazer da vida e da contemplação? 


Essa magnífica metamorfose, que teria como pedra filosofal a eliminação da opressão de todas as naturezas, em especial a econômica em todos os quadrantes é a única possibilidade de o Planeta não tornar-se inóspito bem antes do que se imagina, porque se a fé numa divindade pode ter consequências de tamanha destruição, a falta dela pela sucessão secular de desesperança, de injustiça e de fome pode trazer danos e sofrimentos ainda maiores.


Que não seja preciso acionar os botões! Assim como Hollywood viu agora esgotadas as inspirações mais delirantes, é lícito acreditar em roteiros amenos também para a vida real, em que os valores como a moral, o respeito e a fraternidade sejam realçados em sobreposição à decadência do hedonismo, da empáfia e da ambição desmedida e criminosa. 


Para tanto, rezemos. Em nome dos mártires inocentes que foram estupidamente interrompidos em seus sonhos e em seus projetos; em nome dos que estão na iminência de perdê-los e por nós todos, uma geração fadada a promover o retorno glorioso da era medieval e do primitivismo dos instintos se não puder contar com uma força superior que a guie pelas veredas do amor e da consciência.


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em setembro/2001