Antes experimentando avanços modestos e lentos, caminha acelerada nestes últimos anos de tal forma que prenuncia encontrar a qualquer momento a solução do teorema da vida e a pedra filosofal da imortalidade.
Muitas moléstias devastadoras são coisas do passado, assim como o que parece reservado em pouco tempo ao câncer, mal de Parkinson, hipertensão, diabetes e outras tantas.
Cura da enxaqueca, vacina contra a gripe, pílula para a impotência sexual já são realidade, como inúmeras modalidades de transplantes, de coração, fígado, rins, córneas, pulmões.
Fala-se até no transplante de cabeça, que já se constatou ser tecnicamente viável e que só se aguarda os naturais debates sobre moral e ética para seu experimento.
E as células-tronco, gente, que beleza! Chegará o tempo, Deus queira que breve, em que um coração enrijecido por sedimentos assassinos poderá ser trocado por um novinho em folha!
Em que um fígado dilacerado pelo excesso de álcool seja substituído ao menor sinal de incapacidade ao dever de ofício!
Em que pulmões galvanizados de nicotina possam ter o merecido descanso sem levar junto seu usuário!
Quantas possibilidades, enfim, que os céticos de plantão não deveriam menosprezar, para não se virem ridicularizados, da mesma forma quando há pouco mais de 20 anos certamente consideravam uns lunáticos quem afirmasse que um ser humano conversaria hoje com outro, em pólos opostos do Planeta, cara-a-cara, tête-e-tête, ao vivo e em cores.
São fatos alentadores, alvíssaros para a Humanidade, tanto pela perspectiva de um viver mais longo e prazeroso quanto pela constatação de que a inteligência humana tem razões que a própria razão desconhece, obrigado ao poeta.
Há de se atentar, todavia, para uma regra elementar: tudo tem o seu preço, e a erradicação de toda forma de mal físico não terá chance de possibilitar uma maior longevidade para milhões de pessoas, por mais paradoxal que pareça, se não se criar uma contrapartida estrutural que possibilite a provisão da substância primordial para manter vivo um organismo -mesmo que imune a doenças, que é o seu alimento básico, por sinal em falta para muitos.
E essa contrapartida só será possível quando for descoberta a cura para a mais letal e insidiosa doença do homem: o egoísmo.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/2005