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12 de mar. de 2013

O pouco escrito do muito sentido. Dedicado às crianças assassinadas na escola do Realengo/RJ

- Estou ansioso para ler sua Coluna, Zé Henrique. Com certeza você vai escrever a respeito do massacre das crianças na escola em Realengo, não vai?

- Não, respondi a Paulo Xavier, o Pepê.

- Por quê?

- Porque sou incapaz de traduzir em palavras o que me vai na alma -, expliquei, aproveitando para pedir que ele próprio (poeta talentoso) compusesse um poema em homenagem aos inocentes chacinados.



E abaixo está, amável leitor, graciosa leitora, uma bela construção de palavras a reverenciar as crianças trucidadas, que certamente despertará emoção mesmo nos mais indiferentes a poesias.


De minha parte, apenas isso: envergonha-me a semelhança de gênero com o assassino tresloucado, com criatura tão infame. 


Ser constituído da mesma matéria universal com que foi moldado aquele sanguinário torna-me pequeno demais, insignificante demais, a despeito de a maioria de nós dignificar a espécie humana. 


Também me penitencio por ter derramado catadupas de lágrimas, por ter chorado convulsiva e incontrolavelmente em frente à TV e à tela do computador.


Fui oportunista porque, como dizem, chorar faz bem. E eu não tinha o direito de me fazer bem com os eflúvios de tamanha atrocidade!


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em maio/2011