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30 de mar. de 2013

Nostradamus errou mesmo?

Michel de Nostredame

Michel de Nostredame, secularmente conhecido por Nostradamus, teria previsto a ocorrência do fim do mundo para este ano, mas numa análise materialista, considerando-se tal fim como a destruição física literal do planeta, o misto de profeta, médico e petisco desejado pela Santa Inquisição a transformar-se em churrasco, errou.



Não é aconselhável, no entanto, precipitar-se no julgamento e considerá-lo um charlatão dos tempos medievais, pois ninguém pode afirmar com certeza que conceitos ele tinha de finitude.


Por exemplo, se considerasse como fim o ápice da contradição humana, que busca febrilmente preservar e dotar longeva a vida, ao mesmo tempo em que cria dispositivos igualmente eficientes para dizimá-la em segundos, o visionário acertou! 

A humanidade parece ter atingido neste final de milênio seu mais alto grau de incoerência, traduzida pela convivência com a  ambivalente tecnologia, que tanto salva quanto mata, tanto preserva quanto destrói. 

Terá sido este o fim preconizado, não o do mundo físico, mas o da derrocada moral que eliminou o instinto da compaixão e solidariedade que norteava a configuração do relacionamento  humano na terra?

A indústria bélica jamais experimentou tamanha evolução em tão pouco tempo. 

A tecnologia do mal  tornou obsoletos os mísseis teleguiados de longo alcance, as bombas nucleares já estão virando peças de museu,  e já se fala em armas mais mortíferas e de investimentos proporcionalmente menores dada a relação “custo/benefício” - com  a utilização do laser em  mais larga escala.

São as chamadas armas inteligentes ou limpas, quer dizer, as que só fazem vítimas do lado mais fraco, não somente nas guerras em si, como pela devastação legada a posteriori.

Enquanto bilhões de dólares são destinados a essa terrível finalidade, ampliam-se desesperadamente as desigualdades sociais na Terra, com populações inteiras padecendo o flagelo da fome, da doença, da ignorância e da ausência total de perspectivas que pudessem dar-lhes um único sentido para o viver. 

Segundo recente documento da ONU, “a primazia dos mercados concentrou poder e riqueza em um grupo seleto, com o mundo correndo desenfreadamente para uma maior integração, conduzido principalmente por forças econômicas e orientado sobretudo por uma filosofia de lucratividade do mercado e eficiência econômica”.

Este talvez tenha sido o fim que o profeta previu. A revolução e  o desenvolvimento tecnológico em benefício de uma parcela menor e mais poderosa de seres humanos, alicerçados sobre a dor e desespero dos demais.

Se previu conceitualmente assim, ele acertou! Talvez nós é que não tenhamos percebido que este é um fim ainda pior do que se tivéssemos sido simplesmente varridos do Planeta! 

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em agosto/1999