Os políticos se adaptaram aos reclamos sem os devidos complementos da cobrança implacável, sistemática. Criticamo-los mas eles estão pouco se lixando porque sabem que amanhã esquecemos.
Para boa parte deles, a péssima Saúde, a degradada Educação, as cidades mal conservadas, com ruas sujas e esburacadas não os atingem.
A nossa carência é o seu fausto; nossas dificuldades, suas facilidades; nossos impostos, suas mordomias, e por mais incrível que pareça, tudo de ruim somado se transforma em votos nas urnas.
Afinal, o que seria dos políticos não fossem nossas crônicas privações, material inesgotável para suas propagandas mentirosas e demagogia barata?
É como uma bola de neve; quanto mais sofremos, mais damos-lhes munição.
Por que eles mudariam esse modo de ser? Para que fornecer Educação de boa qualidade, se com ela viria o esclarecimento, e com este, melhor preparo intelectual em benefício da percepção mais aguda de suas falácias, de seus engodos?
Por que razão as pessoas seriam bem atendidas no quesito Saúde, para mais adiante comprometerem as promessas milagrosas de hospitais e centros de excelência semelhantes aos melhores do mundo?
Para que teriam casas decentes, atendimento social adequado, segurança, esportes, lazer?
Tomemos como exemplo nossas cidades de Bom Jesus e do entorno. Entram gestores, saem gestores, e o cenário pouco muda. Nada sobre nada vezes nada difere.
Quando se contempla um benefício, por mais esfuziante que seja, ele chegou anos-luz do ponto zero das necessidades, isto é, estamos sempre defasados em tudo.
Criatividade, audácia, arrojo são coisas que não se vê por aqui.
Tudo é tão monótono, tão enfadonho, tão igual! Parece que estamos excluídos do processo da “evolução natural das espécies políticas”.
Por outro lado, os políticos são seres integrantes de uma coletividade.
E como tal não é justo que debitemos todos os nossos infortúnios exclusivamente a eles.
Eles não são nós? Não foram gerados pelo gigantesco ventre metafórico da sociedade?
Não podemos lamentar se esse ou aquele, essa ou aquela, esteja mais centrado/a nos seus próprios interesses, às benesses que o poder outorga a si e aos seus.
Seria diferente se fôssemos nós os beneficiados pelas urnas?, cabe a pergunta desconcertante, o álibi perfeito .
Mudemos de postura. Respeitando, claro, a Lei e a ordem pública, façamos barulho, movimentos de protestos, atitudes em defesa de nossa cidadania com fôlego para espraiar-se pelos quatro cantos de nossas cidades, do país.
Um posto de saúde abandonado mesmo antes de ser utilizado?
Protestemos ruidosamente, batamos latas e sopremos apitos até que um construtor apareça no local. Um mau atendimento? Retumbemos coletivamente nossa indignação.
Um buraco na rua?
Coloquemos rabos de papel simbólicos nos traseiros dos responsáveis.
Uma promessa não cumprida? Enchamos-lhes a paciência com a palavra de ordem “mentiroso/a”.
Um remédio básico que falta?
Protestemos veementemente nas proximidades dos locais de distribuição, ou melhor, de não-distribuição.
E assim por diante.
E quando nos couber um cargo público, procurarmos estabelecer coerência com o que aqui combinamos, intuirmos que ali está uma dádiva dos céus para que nos tornemos mais humanos, mais generosos e mais honrados perante a nós próprios e a Deus.