Sim, isso mesmo, não há erro no enunciado: os trabalhadores japoneses são contra a ampliação do seu próprio período de férias.
Nos EUA respeita-se com muito fervor o Dia de Ação de Graças, tradição centenária desde o século XVII em agradecimento pela generosa colheita obtida depois do primeiro inverno que os colonos passaram na Nova Inglaterra, atual território americano, então colônia da Grã-Bretanha.
Os americanos também cultuam o Dia da Independência (obtida em 4/7/1776, que livrou-os do colonismo iuglês; o Natal e mais uma ou outra data regional relevante. Nada mais.
Quando o presidente Kennedy, um dos ícones americanos foi assassinado brutalmente em novembro de 1963, causando uma comoção generalizada jamais vista, nada de feriado ou ponto facultativo no dia seguinte; ao trabalho.
Na Inglaterra não se brinca Carnaval, e no restante da Europa, de maneira geral, feriados são poucos, e “enforcamentos” são traços nas estatísticas. Não por acaso são nações ricas.
E nós? Bem, além do Natal e Ano Novo, que se coincidirem cair numa terça, a gente mata a segunda, ou, se numa quinta, a gente rifa a sexta, vem janeiro, que é um mês maravilhoso por ser muito quente e coincidir com as férias escolares.
Aí a gente dá um jeitinho de cabular o trabalho por uns dias e pegar uma praia.
Depois vem o Carnaval, que apesar de oficialmente ser na terça, nós paramos desde a sexta anterior até a quinta seguinte, com algumas exceções, claro, como na Bahia, onde a folia dura mais de 10 dias.
Seguindo a cronologia (não podemos esquecer que tudo
isso vem entremeado com datas regionais e municipais,
afinal, temos que parar também para prestar homenagens
aos nossos inúmeros santos e heróis que, a propósito, só são santos e heróis por terem trabalhado muito de alguma forma), vem depois a Semana Santa dos “enforcamentos”; depois, o nosso dia, que trabalhamos tanto!
Temos que parar no 1° de maio, afinal, ninguém é de ferro!
Depois..., ah, depois..., sempre há um motivo para não trabalharmos, como a Copa do Mundo este ano! Praticamente parados durante um mês inteirinho, gente.
E ai do Zagallo se ele tirar prematuramente o time de campo!
Depois, julho, novamente coincidindo com as férias dos guris. Legal! Agosto é um saco para quem não mora em Bom Jesus (a tradicional festança nos livra do trabalho ao menos três dias úteis);
Setembro tem nossa Independência, e havemos de parar para tecer loas a Dom Pedro, sujeito supimpa!
Outubro é foda, mas logo chega novembro, que a gente já no primeiro dia para e faz uma visita rapidinha ao cemitério e volta correndo para casa a fim de saborear um churrasco e muitas geladas, homenageando os que se foram (algumas homenagens são “por terem ido”).
Depois, dezembro, ótimo mês pelas perspectivas das folgas que se avizinham, e por consumirmos ainda com mais avidez o que não produzimos.
Eles são ricos? Ah.., mas não têm mulatas, Ronaldinho e Silvio Santos, nem a louríssima número Huuuuummmm...
Fernando Henrique, cuide bem de minha cesta básica, viu?
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em março/1998