ladrões presidem Senado, governam;
polícias viram ladrões e botam o capuz dos bandidos;
o presidente diz que vai fazer o sucedâneo de sua política maquiavélica e é bem capaz de cumprir;
As cestas básicas dos flagelados da seca do Nordeste viram objetos de barganha política;
O FMI suga nosso sangue com o beneplácito dos governantes;
Os banqueiros ficam mais ricos, e os pobres, mais pobres;
Luiz Estêvão está solto, Salvatore Cacciola goza as delícias de Capri através do nosso suor, e o juiz Lalau brevemente terá também a condescendência da Justiça que solta os tubarões e aprisiona os lambaris;
O sentimento altruístico está sedado, o instinto da perfídia, desamor e desonra, na plenitude;
Os maus, com a torpeza a cada dia renovada, os bons, na conformidade de uma imensa manada que perde a capacidade de se indignar e a vergonha da resignação sem luta.
Eu não defendo a desobediência civil, luta armada, motins ou sublevações.
Apenas amaldiçoo minha própria incapacidade de vislumbrar alternativas.
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/1999