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27 de mar. de 2013

Amigos, eu vi! Ou, saudosismo também faz parte

A nostalgia me leva a traçar um paralelo entre a vida contemplativa de antanho e a de hoje.

Sou bom-jesuense de quatro costados; nasci, cresci e contribuí para a perpetuação da minha espécie neste querido Vale.

Na época da minha juventude, décadas de 1960, 1970, meus patrícios eram mais alegres e descontraídos, mais humanos e solidários.



Bom Jesus eram calmas, sem atropelos. Suas festas, de características próprias, eram sempre um marco em toda região.

A tradicional Festa de Agosto atravessava fronteiras. Eram épocas memoráveis, onde aflorava com muita sensibilidade o sentimento regionalístico dos que aqui tinham raízes, e a admiração despeitada dos forasteiros.

Quem, da minha geração, não se alegrava com os filmes em cartaz no Cine Monte Líbano? 

Que não se recorda com saudades dos memoráveis jogos de futebol proporcionados pelos legendários clubes Olympico F.C. e Ordem e Progresso? 

Lembram-se quando jogavam ente si? As duas cidades se coloriam de branco, vermelho, verde e amarelo numa alegria contagiante!

Eram bons aqueles tempos. Nadava-se despreocupadamente nas águas ainda adequadas do nosso velho e inseparável amigo Itabapoana. Aos aficionados da pesca, peixes em abundância; 

Épocas de gloriosos carnavais de rua com seus blocos irreverentes constituídos de foliões criativos na confecção de suas fantasias; a alegria serena nos salões, onde diversão não era ainda sinônimo de arruaças!

Amigos, eu vi. Quantas noitadas inesquecíveis proporcionadas pelo Aero Clube, que no mínimo uma vez por mês nos presenteava com seus bailes de gala sempre de muito bom-gosto. 

E as serestas, na verdadeira acepção do termo, que nos faziam “viajar” através do vácuo das músicas de boa qualidade?

Não tenho saber para explicitar os motivos que ocasionaram a derrocada de nossas tradições salutares, advindo daí uma vivência tristonha e amargurada, mesmo porque este é um reflexo do país como um todo, e além disso eu teria de tecer comentários desairosos a políticos locais de visão arcaica e limitada. 

Teria ainda que criticar o nosso conformismo e conivência com o vazio de ideais renovadores e desenvolvimentistas, tanto públicos quanto privados. 

Enfim, melhor ficar com minhas doces recordações.

Afinal, “recordar é viver”.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em agosto/1997