O Brasil é um país sui generis! Que outro lugar um regime ditatorial ferrenho perpetuado em 20 longos anos deixaria saudades?
Onde mais as sombras da exceção dariam sinal de falta pela terrível insolação decorrente dos desvirtuamentos de uma classe política despreparada e incompetente, entreguista, cínica, maquiavélica, ladra?
Onde mais as sombras da exceção dariam sinal de falta pela terrível insolação decorrente dos desvirtuamentos de uma classe política despreparada e incompetente, entreguista, cínica, maquiavélica, ladra?
A tenebrosa ditadura conseguia um menor teor de periculosidade em comparação com o liberalismo criminoso que aí está!
Fracassamos rotundamente! Gastamos até o último grau toda a nossa criatividade durante 20 anos na busca obstinada por liberdade, mas nada soubemos fazer com ela depois que a conquistamos, a não ser produzir uma aberração multiforme e voraz a sugar freneticamente tudo o que vê.
Era melhor a ditadura dos generais ou essa nova ditadura da corrupção, dessa ensandecida ladroagem que transforma o país em terra devastada? Ainda que com arrepios de pavor pela lembrança do sinistro verde-oliva, havemos de reconhecer o considerável crescimento experimentado pelo país sob o seu tacão, em contraste com o torpor e a paralisia que trouxeram os ares democráticos.
Como podemos educar nossos filhos em meio a essa doutrina de roubo, de achaques, de espertezas, de injustiças?
Como podemos estruturar nossa cidadania sem instituições inconspurcáveis que a embasem e lhe deem sustentação?
Como nos conformar pacificamente que um país tão rico em recursos naturais seja suplantado por Uganda e Etiópia em justiça social?
Sim, Senhor. Perdemos para a Etiópia, aquele país africano que, data-vênia, parece que o Senhor dele esqueceu. Aquele, onde as crianças morrem a pele e osso com o olhar embaçado pelo flagelo da fome!
Veja, Senhor, o último bastião da esperança, que me recuso a citar o nome num protesto débil e incapaz de se espraiar.
Esse barbudo duma figa parecia a última fronteira entre a seriedade e a irresponsabilidade, entre o talento e a mediocridade, entre a criatividade e a bisonhice, entre a coragem e a covardia.
Sim, Senhor. Perdemos para a Etiópia, aquele país africano que, data-vênia, parece que o Senhor dele esqueceu. Aquele, onde as crianças morrem a pele e osso com o olhar embaçado pelo flagelo da fome!
Veja, Senhor, o último bastião da esperança, que me recuso a citar o nome num protesto débil e incapaz de se espraiar.
Esse barbudo duma figa parecia a última fronteira entre a seriedade e a irresponsabilidade, entre o talento e a mediocridade, entre a criatividade e a bisonhice, entre a coragem e a covardia.
Vinho da mesma pipa, Senhor! Pior até: especializou-se na arte do discurso enganador, temperado com lágrimas que amolecem os corações de nossa gente crédula e sensível.
Nosso povo vive hoje uma situação tão desconcertante, de tamanho torpor, que abateu-se sobre ele a “Síndrome de Estocolmo”, termo criado na circunstância em que uma sequestrada apaixona-se perdidamente pelo sequestrador.
Livrais nossa gente, senhor, desse terrível equívoco!
O Senhor, com Vossa sabedoria, por certo há de encontrar alternativas que nós, simples mortais, não vislumbramos.
Até onde nossa medíocre inteligência pode alcançar, parece não existir opções, sejam letradas ou analfabetas, graduadas ou apedeutas, religiosas ou laicas.
Nosso povo vive hoje uma situação tão desconcertante, de tamanho torpor, que abateu-se sobre ele a “Síndrome de Estocolmo”, termo criado na circunstância em que uma sequestrada apaixona-se perdidamente pelo sequestrador.
Livrais nossa gente, senhor, desse terrível equívoco!
O Senhor, com Vossa sabedoria, por certo há de encontrar alternativas que nós, simples mortais, não vislumbramos.
Até onde nossa medíocre inteligência pode alcançar, parece não existir opções, sejam letradas ou analfabetas, graduadas ou apedeutas, religiosas ou laicas.
O que fazer, Senhor, contra a lepra social, contra esse câncer dos mais insidiosos que corrói o organismo da pátria, metastaseado em todas as capilaridades dos nossos estados e municípios, cuja célula-máter se nutre em Brasília?
O limite suportável foi desde há muito ultrapassado.
Teremos de colocar em risco a própria vida para eliminarmos as máfias que se instalam e se revezam "democraticamente" no poder, a fim de acabarmos com o estado de vômito permanente em que vivemos?
O limite suportável foi desde há muito ultrapassado.
Teremos de colocar em risco a própria vida para eliminarmos as máfias que se instalam e se revezam "democraticamente" no poder, a fim de acabarmos com o estado de vômito permanente em que vivemos?
Como dar voz às raríssimas e rarefeitas exceções perdidas na intensidade vibratória das hienas, no espocar de crocitos ensurdecedores dos urubus alvoroçados no butim?
Aponte-nos, Senhor, uma alternativa.
Mesmo que seja a dos canhões e das baionetas novamente, ainda que meus colegas jornalistas me esconjurem e me escorracem pela negação do princípio pelo qual me valho para sobreviver mal e porcamente.
Mesmo que seja a dos canhões e das baionetas novamente, ainda que meus colegas jornalistas me esconjurem e me escorracem pela negação do princípio pelo qual me valho para sobreviver mal e porcamente.
Porque, Senhor, a ditadura da máfia mata mais, e de maneira mais perversa, do que a dos fuzis!
Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em julho/2005