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19 de fev. de 2013

Em terra de olho quem tem um cego... errei

Estava dando murros em ponta de faca a fim de bolar algo de útil para ocupar este espaço, mas como de tanto pensar morreu um burro, e as idéias não apareciam, resolvi tocar o barco com estas baboseiras mesmo, porque preciso defender o leite das crianças e a maré não tá pra peixe.

Aliás, como está difícil a vida, não? Atualmente tenho latido no quintal pra economizar cachorro, vendendo o almoço pra comprar a janta, chamado urubu de meu louro, como também vou arrancando minhoca do asfalto porque a necessidade é que fez o sapo pular e nesta situação é que a porca torce o rabo se não for cotó, haja vista que amanhã é um novo dia e angu de um dia só não engorda cachorro magro.

A quem interessar possa, informo que a minha situação esta assim tão trágica porque enfiei os pés pelas mãos e vento e ventura pouco dura. Além do mais não fui com muita sede ao pote, julguei ser verdade que quem foi rei nunca perde a majestade e esqueci que quem semeia vento colhe tempestade.

Enfim, foram-se os anéis, ficaram os dedos. Mas como a fé move montanhas e uma mão lava a outra, apelei para os amigos e parentes quando já estava vendo minha avó pela greta, mas de nada adiantou porque eles foram insensíveis e preferiram colocar a barba de molho, uma vez que farinha pouca meu pirão primeiro e seguro morreu de velho.

Ainda por cima acharam que eu estava fazendo tempestade em copo d’água e eles não iriam dar luz a cego nem asas a cobra. Aliás, eu já sabia que nada ia conseguir, pois santo de casa não faz milagre e é cada um por si e Deus por todos.

Mas como miséria pouca é bobagem e o que é de gosto regala a vida, além de que quanto mais rezo mais assombração me aparece, resolvi juntar meus trapos com uma mulher nova, cheirando a tinta porque, afinal, graveto também dá fogo e juntado com fé casado é. O fato é que sempre acreditei que mulher é igual bala de revólver: quando sai uma pelo cano já tem outra engatilhada e aí é que embarquei numa canoa furada e com muitas dificuldades de cortar o mal pela raiz.

Explico: Como mentira tem pernas curtas e as paredes têm ouvidos, descobri onde amarrei minha égua, pois minha mulher esqueceu-se que quem com porcos se mistura farelo come e as más companhias levaram-na a procurar chifres na cabeça de cavalo. O pior é que ela os encontrou e os transplantou em mim! Bem que eu já andava meio desconfiado, porque onde há fumaça há fogo, mas achei que quem conta um conto aumenta um ponto e entrei pelo cano.

Mas não tem nada não, o bom cabrito não berra e há males que vêm para bem. Vou tirar isso de letra porque sempre há um chinelo velho para um pé torto e não sou bobo como tatu de madrugada. Acabarei encontrando outra alma gêmea, mesmo que não tenha o mesmo encanto, pois à noite todos os gatos são pardos. Só que agora não vou dar ponto sem nó porque gato escaldado tem medo de água fria e barata esperta não atravessa galinheiro. Doravante, aonde a vaca vai o boi vai atrás, uma vez que macaco velho não mete a mão em cumbuca. Não vou mais comprar gato por lebre, afinal, é preferível ser burro cinco minutos que asno a vida inteira.

Pois bem, vou continuando a encher linguiça, e enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé. A fim de resolver minha vida não vou ficar chovendo no molhado nem carregando água na peneira. É vivendo que se aprende e como devagar se vai ao longe e a pressa é inimiga da perfeição, pretendo seguir à risca o velho ditado que diz que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Não me esquecerei que coração dos outros é terra que ninguém vai e fraqueza não é vício mas conduz ao precipício. É certo que cobra que não anda não engole sapo e caminhão parado não pega frete.

Bem, leitor, se você teve paciência de ficar lendo esta porcaria até agora, saiba que galinha que acompanha pato morre afogada e como você não é mais burro que porteira, ficou a ver navios. Aliás, acho melhor parar de cutucar onça com vara curta porque quem muito fala dá bom dia a cavalo. O peixe morre é pela boca e é melhor trabalhar a cabeça e dar férias à língua.

Se você pretende criticar-me por isso pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque gosto não se discute e há quem goste dos olhos, outros da remela. A verdade é que estou sem assunto e quem não se comunica se trumbica. Sou sincero porque quem fala a verdade não merece castigo, mas reconheço que este artigo (artigo?) ficou tão ruim que nem tatu aguenta.

Enfim, cesse tudo o que a antiga musa canta que outro valor mais alto se alevanta e procure compreender-me, pois para bom entendedor, meia palavra basta. Por favor, não confunda bife de caçarolinha com rifle de caçar rolinha. Sua atenção eu agradeço, pois você fez o bem sem olhar a quem, e mesmo que não o fizesse, mais vale quem Deus ajuda que quem cedo madruga. Além disso nunca diga dessa água não beberei porque um dia a casa cai.

De minha parte dou por encerrada esta bobagem e se alguém não gostou que atire a primeira pedra. Minha missão está cumprida, pois os fins justificam os meios e melhor não poderia ficar porque quem nasce pra lagartixa nunca chega a jacaré e quem não tem cachorro caça como gato.

Até a próxima, se não entrar boi na linha.


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em março/1997