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20 de fev. de 2013

"Quem poupa o lobo, mata as ovelhas" - Victor Hugo

A maior tragédia não foi o menino João Hélio Fernandes, 6, ter sido arrastado por 7 km por bandidos no Rio de Janeiro, preso pelo cinto de segurança do carro que estava sendo roubado de seu pai.

O horror maior é que já caiu no esquecimento!

Como de praxe, três ou quatro dias em todos os noticiários e depois nem uma notinha de pé de página.


E como de praxe também, as autoridades esforçando-se nos ares de contrição sem contudo terem a capacidade de tomar uma miserável atitude! 


Ah: o presidente da República tomou, sim. Reafirmou ser radicalmente contra a redução da maioridade penal que puniria, entre outros, aquele que disse ou ouviu do comparsa que o inocente martirizado, destroçado, esfolado vivo era o judas deles!

Mas votar este marginal pode, pois tem o discernimento para saber escolher o seu prefeito, o seu senador, o seu presidente. Só não sabe, coitadinho, que não se pode matar, nem estuprar, nem barbarizar, nem torturar uma criança de 6 anos da forma a mais cruel e covarde. 

A sociedade tem de condescender com esse pobre injustiçado e deixar que ele faça o que bem entender com os seres humanos, sem relevar o fato de que ele não seja humano.


É um erro gravíssimo e uma injustiça inominável colocar a culpa da criminalidade na miséria. Isso afronta todas as pessoas pobres de bem, a esmagadora maioria.

A honestidade não depende dos bens materiais que se possui nem do preparo intelectual que se tem. Muitos políticos que roubam, roubam e não param de roubar são riquíssimos, preparados nas melhores universidades. 

Mas como diria Carlito Maia, fariam corar de vergonha o mais larápio dos faraós, enquanto pobres trabalhadores suam para criar suas famílias de forma honesta, incapazes de dar um tapa num cachorro.

É claro que a injustiça social no Brasil é parceira constante da violência, mas se a miséria fosse a principal causa da violência, a ameaça à paz do mundo viria de países pobres, e não como se vê e sempre se viu. 

Bin Laden, por exemplo, é ultramilionário, que arregimenta pessoas de bom nível social e econômico para matar por ideologia religiosa milhares de pessoas da maneira a mais diversa e perversa.

O tráfico também exerce seu sombrio e perene papel de estímulo à violência, mas a impunidade ganha disparada. 

Nos Estados Unidos, alguns estados punem, como se adultos fossem, crianças de até 7 anos de idade, com “cana dura” mesmo conforme a natureza de seus crimes (a idade mínima é 7 na maioria dos estados, de acordo com a tradição anglo-saxã da "common law" – lei comum); no México, a partir de 11 (para crimes federais) e 12 (demais crimes); na Inglaterra, 10; França, 13; Alemanha, Itália, Japão e Rússia (e algumas ex-repúblicas soviéticas), 14; Argentina, 16. E estas não são republiquetas quaisquer, diga-se.

A solução, portanto, não é matar o lobo para salvar as ovelhas, pois que a pena de morte é uma ideia natimorta (com trocadilho e tudo), no Brasil, pois seria uma radicalização perigosa num Estado de instituições débeis como a Justiça, que deixa livres, leves e soltos criminosos de bom poderio econômico e transforma quadrado o sol para uma mãe que furtou uma lata de leite em pó para alimentar seu filho.

Mas que pelo menos prendam o lobo e aparem suas garras, seja ele de que idade for. É o mínimo que se deve fazer em desagravo a tantos mártires da brutalidade como o garotinho João Hélio.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em abril/2007