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28 de fev. de 2013

Descaso e hipocrisia tonificam o maldito Aedes

O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral estufou o peito e mandou ver, quase escandindo as sílabas: 

- "Nós, os governantes, é que somos responsáveis pela epidemia de dengue; não é a população".

Quanto desprendimento! Quanta coragem! Só faltou algum repórter perguntar quais seriam as autopunições que o intrépido chefe do Executivo estadual preconiza a fim de reparar mais de 90 mortes e tamanho sofrimento de um povo desassistido, enfileirado nas portas de hospitais sem médicos, acuado, pasmado pela violência de um agressor tão pequeno como um reles mosquito.



Governantes significa ninguém especificamente, mas o povão embarca fácil na marola do mea-culpa que aparenta sinceridade, na realidade, porém, esculpido com a argamassa da mais deslavada hipocrisia, material abundante nestes tempos políticos de dissimulação e matreirice. 

A população é responsável sim, senhor governador, assim como os governantes têm mais responsabilidade do que pensam.

A pessoa que não cuida adequadamente do lixo que produz, que deixa o mato e a sujeira tomarem conta de seus quintais e que pouco se incomoda com a higiene e com a prevenção é tão responsável quanto o governante que não propicia saneamento básico, que negligencia a vigilância sanitária, que não faz cumprir os mecanismos legais para punirem o desleixo de empresas e de cidadãos comuns. 

Chamam-se civilidade e asseio os remédios contra a dengue.

Aqui em Bom Jesus mesmo encontram-se exemplos à mancheia. 

Talvez porque demande trabalho administrativo (e até jurídico), ninguém é importunado se deixar seu quinhão de terra abandonado, com o mato às portas de Fra Mauro, na Lua, a esconder todo o tipo de perigo e armadilhas que o próprio homem cultiva para si, desde chapinhas de garrafas, copinhos de iogurte, latas, pneus, etc., etc., etc.

Ademais, só faltam externar em palavras o raciocínio (melhor seria raciocímio) de que nunca se pode perder de vista que o dono daquele terreno, daquela gleba, é um eleitor; de que não é prudente  aborrecê-lo por qualquer coisinha.

Criminosamente relegada até quando o inimigo periga transpor a tênue barreira composta pela sorte, esforça-se numa ou noutra mobilização mais propagandística e hipócrita do que propriamente com a sinceridade de propósitos em destruir potenciais criadouros do Aedes. 

"A limpeza sistemática de terrenos baldios pode diminuir em até três vezes as possibilidades de a população ser infectada pelo vírus transmitido pelo Aedes Aegipti", explica a farmacêutica bioquímica e mestre em Ciências Naturais, Haydêe Fagundes de Mendonça.

Pois bem. Basta andar um pouco pelas duas cidades para aferir o potencial bélico do mosquito em Bom Jesus, surpreender-se e indignar-se com a grande quantidade de trincheiras e casamatas disfarçadas com capim alto. 

E assim vamos vivendo, remediando aqui e alhures, picados pelo mosquito e agredidos pela falácia dos governantes. 

Sérgio Cabral, dia destes, enfatizava a necessidade de o Estado construir obras, realizar mais trabalhos de limpeza, entre outras ações e atitudes. 

Mais um pouco e acabava exigindo providências "das autoridades"...

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em abril/2008