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27 de fev. de 2013

Crescei e multiplicai-vos; ou, o celibato sacerdotal tornou-se um anacronismo estimulador de crimes sexuais

O celibato não estará contrário às Escrituras?

O padre que teria caído nas tentações da carne em Bom Jesus do Itabapoana - fato de domínio público, porém oficioso, é mais um a questionar duramente uma disciplina exigida milenarmente pela Igreja Católica, que de há muito deveria ser eliminado: o celibato compulsório.

É preciso lembrar que o voto de castidade a todos os eclesiásticos não é um dogma da fé católica, não está propriamente ditada pelos princípios do Cristianismo, mas é apenas uma norma interna, uma exigência da Igreja aos que nela queiram ingressar como sacerdotes. 



Na realidade o celibato, ao contrário dos que acreditam ser um costume inspirado no comportamento de Jesus Cristo, nada mais é que uma forma sutil de aproveitar todo o tempo disponível do sacerdote para o trabalho único e específico da Igreja, sem ter que dividi-lo com filhos, esposas e as implicações decorrentes. 

Tanto é que até 303 d.C. isso não era obrigatório, apesar de haver forte militância voluntária, até que o Concílio de Elvira (Espanha) recomendou o celibato como norma para os religiosos.

Não há dúvida que o assunto é uma tremenda dor de cabeça para o Vaticano. 


Ao sentir o avanço agressivo das religiões protestantes, com a liberalidade sendo o maior poder atrativo, a Igreja Católica vem afrouxando devagarinho seus preceitos herméticos. 

A exigência do celibato poderá vir a ser um deles, onde a Igreja certamente contabilizará mais lucros que prejuízos. 

O abuso sexual praticado por padres é uma prática que poderá vir a ser drasticamente reduzida. 

O Pe. José Lisboa Moreira de Oliveira faz uma análise a respeito, ressaltando que ela deve ser vista no contexto do fato em questão, a fim de se evitar colocar no mesmo caldeirão todos os padres e toda a formação presbiteral.

“Este fato do abuso sexual cometido por padres é antes de tudo uma denúncia grave. 


Certos setores da Igreja costumam acobertar fatos graves, achando que se pode tapar o sol com a peneira. 

Não coloco aqui em discussão a preocupação de não provocar escândalos nos fiéis ou de salvaguardar a honra e a dignidade de quem foi envolvido. Isso é necessário e compreensível. 

O que questiono é o fato que, mesmo internamente, com os meios disponíveis, justos e corretos, não se procure averiguar melhor o problema, deixando a coisa correr. 

O que escandaliza é o pouco caso com o qual situações sérias e graves são tratadas. 

Com isso fica muito claro que, no fundo, o que se pretende é proteger o mais forte. Neste caso, o homem, o ´macho´, o padre. 

Quando freiras e mulheres são violentadas, abafa-se o caso inclusive com suborno, com promessas e até com ameaças. 

O caso morre ali, a vítima, muitas vezes pobre e indefesa, não tem como se defender. Com isso dá-se o caso por encerrado, não se encara de frente o problema e as coisas ficam como estão. 

Não se trata, é claro, de agir com punições rigorosas, expulsões ou coisas assim. 

Mas de sermos menos hipócritas, mais cristãos, abordando a questão com serenidade, com seriedade, na tentativa de verificar a raiz de problema e de, sem falsos pudores, encontrarmos saídas para diminuir o sofrimento de muita gente, inclusive dos próprios padres.

Cabe salientar que, mesmo se tratando somente de "algumas situações negativas", isso tudo tem um preço. 


E o preço mais alto quem geralmente paga é a mulher, violada em sua dignidade, tratada como objeto e obrigada a permanecer no anonimato. 

Mesmo que tivesse sido apenas um único caso, isso já seria motivo de séria reflexão, pois uma só mulher abusada sexualmente é filha de Deus, é gente. E nada justifica tal violência".

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em dezembro/2001