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22 de fev. de 2013

A doce vida de um bandido


No dia 6/10 p.p., aproximadamente às 16h, um homem de cerca de 20 anos fingia comprar alguma coisa no Mercadinho do Povo, em Bom Jesus do Norte, e na hora de pagar anunciou o assalto mostrando um volume por baixo da camisa, que parecia arma de fogo. 

Ele pegou o dinheiro (cerca de R$ 400) e tentou roubar também uma moto do irmão da moça do caixa, mas este apareceu no momento e, - contou à reportagem, deu um potente soco na barriga do meliante que se evadiu em desabalada carreira. 



Saindo ao seu encalço pela Beira-Rio, Bairro Silvana, o rapaz repetiu o gesto do ladrão e se jogou no rio, mas do outro lado a Polícia Militar de Bom Jesus do Norte, que fora acionada, capturou o acusado e recuperou o dinheiro. A suposta arma não foi localizada.

Ocorreu um assalto com a imediata e bem sucedida reação da polícia! Legal, não é leitor? Mas o epílogo foi vexaminoso! Péssimo para a nossa cidadania, eu digo! 


Chegando por volta das 17h30 à Delegacia, o marginal, devidamente algemado e à disposição da autoridade teve de ser solto aproximadamente às 23h do mesmo dia por falta da... autoridade! 


É que Bom Jesus do Norte, assim como alguns outros municípios pequenos não têm delegados de polícia. Resultado: os presos aqui têm de ser encaminhados a delegados "regionais" sediados em outros municípios. 

Como preconiza o Código Penal, todo cidadão preso deve ser encaminhado a esta autoridade, que é quem tem a prerrogativa legal de mantê-lo privado da liberdade, de acordo com a natureza da ocorrência, até a Justiça se manifestar. 

No caso, era necessário transportar o acusado até Alegre, cerca de 100 km, para que fosse interrogado pelo plantonista da área (extensíssima), mas a polícia não pôde  fazê-lo naquela oportunidade.


Resumo da ópera bufa: "Já posso imb´ora"?, celebrou o acusado com os olhos brilhando de excitação, mal disfarçando a alegria pelo bafejo da sorte. 

E se foi, serelepe, sem que a polícia tivesse sequer a certeza de seu nome e endereço, que dirá de sua folha-corrida (que pode ser ser extensa, quem sabe de alguém muito perigoso), talvez achando que o crime compensa, e quem sabe planejando novas arremetidas?

Em conversa informal com um policial, observei: - e se ele retaliar a vítima ou cometer outro crime? - A gente prende outra vez, redarguiu. - Mas tem de soltar logo em seguida..., insisti. - Fazer o quê?, respondeu, com ar resignado.


Casos como este são um acinte ao cidadão honesto, trabalhador, que paga seus escorchantes impostos justamente para ter um pouco de segurança, entre outros serviços públicos que o Estado brasileiro "deveria", entre aspas, prestar ao seu povo. 


Quão melancólica foi esta cena kafkiana, que apresentou duramente a realidade de um país voraz na arrecadação de impostos, mas incompetente na mesma proporção ao cumprimento de seus deveres institucionais.

Resta torcermos para que este tenha sido um caso isolado, embora injustificável.


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/2006