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1 de fev. de 2017

Dilma homenageia a mandioca devidamente acomodada no fiofó dos brasileiros, com perdão da chulice

Antigamente, quando não existia a necessidade frenética da afirmação da igualdade de gêneros, as pessoas eram mais felizes, mais espontâneas. Seres humanos eram homens e mulheres, que daqui a pouco pode vir algum babaca dito progressista encrencar com a terminologia e incutir nas mentes politicamente corretas e ridiculamente equívocas que se deve instituir ser humano, para o gênero masculino, e ser humana, para o feminino.


Eu mesmo, que em tempos memoráveis escrevia para meus leitores, que, claro, incluía homens e mulheres... (Epa! Uma pausa, aqui. Na época do bom e velho ginásio, ensinavam-nos que ao misturar palavras masculinas e femininas, a fusão deveria gerar um termo masculino. "Machos e fêmeas humanos"; "os pais", designando progenitor e progenitora; "os jovens", "os consumidores", etc., etc., etc. Então, "progressistos" e progressistas chinfrins, eis outra dica para preencher o tempo da sua falta do que fazer. Obriguem a falar e a escrever o pai e a mãe, o jovem e a jóvena, ou o adolescente e a adolescenta (aquela cidadã não é presidenta? Nem falta jurisprudência...).

Mas eu ia dizendo que meus textos faziam referência aos leitores, até que um dia uma leitora questionou: "Você só escreve para homens"? Surpresa! Espanto! Daí em diante passei a me dirigir ao amável leitor e à graciosa leitora, entendendo aí os adjetivos, mais que gentileza, uma forma de amenizar meu desconforto na adaptação a esses tempos de valores e cultura incrivelmente superficiais.

Me ocorre a equação do biscoito; se é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque fresquinho. Nós tivemos um presidente, e ainda o temos como eminência parda, que dizia se orgulhar de ter nascido de mãe analfabeta e de que o diploma superior que recebeu não veio das universidades, mas das urnas. O presidente semianalfabeto foi quem inspirou, estimulou a relativização do preparo intelectual, ou a era que relativizou o preparo pariu o presidente semianalfabeto?

Não por acaso, a presidenta, que não tem um "primeiro-damo", pelo que sei, dia desses fez uma ode à mandioca. Talvez como reflexo condicionado por ter inserido a dita-cuja no orifício do povo, mandou ver, quando discursava no lançamento dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que serão realizados em Palmas/TO, de 20/10 a 1/11/15: "Nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação. E aqui nós temos uma, como também os índios e os indígenas americanos têm a deles, nós temos a mandioca. Então, aqui, hoje, eu estou saudando a mandioca. Acho uma das maiores conquistas do Brasil".

Uma pensadora, que faria corar de inveja Schopenhauer! Mas espere, que uma mente genial desse jaez não poderia se satisfazer apenas com a lírica homenagem à mandioca. Ela resolveu também brigar com dicionários e enciclopédias do mundo todo, que não flexibilizam o termo milenar "homo sapiens". Daqui em diante, cesse tudo o que a antiga musa canta que outro valor mais alto se alevanta: sua excelentíssima, com excelsa sabedoria, membro de escol do clube do politicamente correto, decretou que agora temos a "mulher sapiens".

Ao receber um souvenir das mãos de um participante neozelandês, na forma de uma bola de folha de bananeira, a presidente ensinou, generosa: “Pra mim essa bola é um símbolo da nossa evolução. Quando nós criamos uma bola dessas, nós nos transformamos em homos sapiens, ou mulheres sapiens”.

É nóis!


Autor: José Henrique Vaillant - Publicado originalmente em julho/2015