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31 de jan. de 2017

Ai de nós

Cestas básicas, extração de dentes, remédios, sacos de cimento, dentaduras e até ataúdes (com seus respectivos 7 palmos e meio), bolsa família, bolsa isso, bolsa aquilo.

Essas e outras benesses que rendem votos são distribuídas pelos governantes às pessoas carentes, o que, dentro da falta de perspectivas e condições dessas pessoas constitui-se um mal necessário. "Mal" porque o ideal seria que todos tivessem condições de prover o sustento por si sós, num país onde houvesse emprego abundante e seu povo boa saúde e boa educação. 



Esse paternalismo tupiniquim, com enfoques quase sempre eleitoreiros, é a azeitona que faltava no pastel dos indolentes; é o substitutivo da determinação e do esforço próprio; perverso porque neutraliza a capacidade de indignação; falso porque traveste-se de generoso para alcançar objetivos políticos que deveriam vir pela via da competência e honestidade; volúvel porque depende de interesses pessoais e sazonais de quem o oferta; injusto porque nem sempre contempla a quem dele realmente necessita.

Dados compilados pela Revista Veja indicam que “a Bolsa Família está presente em todos os 5 570 municípios brasileiros. Destes, 1 750 têm mais da metade da população vivendo parcial ou totalmente com o recurso federal. Ocorre que muitos beneficiários continuam sem perspectiva ou oportunidade de encontrar uma ocupação. É certo que, na vida em sociedade, a maioria produtiva deve auxiliar os incapazes, mas permitir que famílias inteiras sejam subsidiadas para sempre por um sistema que não estimula sua força de trabalho é favorecer a dependência”.


Por Ana Lúcia Guizzardi - Publicado originalmente em junho/2014